A década de 1960 marcou a introdução do ensino superior e consequente profissionalização das atividades de design/desenho industrial e comunicação visual no Brasil. Embora São Paulo fosse parte essencial desse processo, a primeira iniciativa consolidada ocorreu no Rio de Janeiro, onde foi fundada a primeira escola do gênero no continente latino-americano, a partir de ações originadas no Museu de Arte Moderna. Em 1963 foi fundada a ESDI/Escola Superior de Desenho Industrial, em terreno que se estende da rua Evaristo da Veiga à rua do Passeio. Fortemente influenciada pelo pensamento abstrato e geométrico e baseada no ensino da Escola Superior da Forma de Ulm (Alemanha), sucessora da revolucionária Bauhaus, a ESDI teve, entre seus fundadores, ex-alunos de Ulm e Aloísio Magalhães, artista gráfico e designer pernambucano que redesenhou a identidade visual de muitas grandes empresas daquele período, além do nosso dinheiro e do símbolo do quarto centenário do Rio, comemorado em 1964. Naquele período, eram muitas as empresas que estavam investindo na revisão/ atualização de sua identidade visual e a Light foi uma delas, ao contratar o escritório de Aloísio Magalhães. Para marcar a conclusão e apresentação do trabalho, foi produzido um evento no pavilhão de exposições da ESDI, que havia sido construído em 1964 pelos alunos. Foi desativado ao final da década de 1970. Vale mencionar que naquele terreno funcionou a Impressão Régia, primeiro estabelecimento gráfico autorizado a funcionar em nosso país, com equipamentos trazidos de Portugal em 1808.
A seguir, memórias do processo de implantação da então ‘nova imagem’ da Light, nos anos 1960. Serve como homenagem aos arquitetos e designers que elaboravam seus projetos sem os recursos digitais aos quais estamos tão acostumados, hoje. Nesta fotografia – um estudo – vemos a logomarca anterior da empresa junto com a proposta de aplicação da nova identidade visual, na fachada da agência de Madureira. Era comum, até então, a utilização de letras no estilo cursivo, manuscrito. A propaganda do Shopping Center Madureira que se vê à esquerda corrobora essa constatação.
Nesta e na fotografia seguinte, as duas hoje guardadas no arquivo histórico da Light, temos interessante testemunho de como se intervinha na imagem antes do Photoshop... a nova logomarca foi aplicada sobre a anterior, e a região à direita do edifício, junto à calçada, está inteiramente pintada, em preto (simulando uma entrada obstruída) e em branco (um muro transversal à calçada).
Na segunda fotografia, um estudo opcional feito a partir do mesmo negativo, mas com uma aplicação diferente da logomarca, esqueceu-se de retocar o muro branco transversal à calçada e assim, vemos ali uma situação de difícil compreensão... mas o fato é que até hoje, em tempos digitais, estes lapsos acontecem!