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Praça da Harmonia

“Anda o povo acelerado com horror a palmatória/
Por causa dessa lambança da vacina obrigatória/
Os manatas da sabença estão teimando desta vez/
Em meter o ferro a pulso bem no braço do freguês”



Trecho da música “Vacina obrigatória”,
interpretada por
Mario Pinheiro

 

Quem olha essa imagem da Praça da Harmonia, de 1926, não imagina como era o lugar no final do século XIX. Nada de coreto ou pracinha: nas ruas de terra batida ou de paralelepípedo irregular, o esqueleto de um antigo mercado, transformado em cortiço, superlotado, era moradia de negros libertos, estivadores e capoeiras. Ali, a vida acontecia nas ruas estreitas e nos trapiches próximos ao mar.

Durante os conflitos na Revolta da Vacina, aquele local virou uma trincheira de guerra e, ao fim de seis dias, entre as 461 pessoas que foram presas e deportadas, estava um dos mais temidos líderes populares da revolta, o capoeirista Prata Preta.

Prata Preta era o apelido de Horácio José da Silva que, além de capoeira, era estivador. Homem negro, com cerca de 30 anos, liderou as batalhas contra as tropas do Exército no que ficou conhecido como “Porto Artur do bairro da Saúde”, em alusão ao território em disputa na guerra russo-japonesa, ocorrida em 1904.

As trincheiras da Saúde foram as últimas a serem abatidas. Ali constava haver dinamites e um canhão para impedir o avanço das tropas militares, mas, quando os revoltosos foram rendidos, descobriu-se que os materiais bélicos não passavam de um engodo: as tais dinamites eram pedaços de madeira enrolados em papel prateado, pendurados ao redor das trincheiras. O canhão, na verdade, era um dos muitos postes de iluminação derrubados pela população revoltada, montado sobre duas rodas de carroça. De longe assustava, mas era incapaz de disparar um tiro sequer!

A submissão do Porto Artur da Saúde ocorreu em 16 de novembro quando Prata Preta foi preso em uma emboscada policial. Após decreto de estado de sítio, as barricadas da Saúde – que ocupavam toda a rua da Harmonia – foram atacadas: o Exército avançou por terra, e a Marinha, com o couraçado Deodoro, submeteu os revoltosos pelo mar.

O levante popular ocorrido na região da Praça da Harmonia contestava a vacinação obrigatória contra a varíola imposta por Oswaldo Cruz, mas também representava a ampla resistência a políticas “modernizadoras” impostas de forma autoritária que deslocavam os pobres, particularmente a população negra, cada vez mais em direção à periferia. Nela, materializa-se a memória de uma população que, apesar de séculos de escravidão, marginalização e exclusão, manteve viva sua identidade por meio da resistência.

Após a derrota dos revoltosos, Pereira Passos conseguiu realizar sua reforma, que acabou por demolir o velho cortiço do Mercado da Harmonia, abrindo espaço para a praça arborizada e “civilizada” nos moldes parisienses.

Prata Preta era o apelido de Horácio José da Silva que, além de capoeira, era estivador. Homem negro, com cerca de 30 anos, liderou as batalhas contra as tropas do Exército no que ficou conhecido como “Porto Artur do bairro da Saúde”, em alusão ao território em disputa na guerra russo-japonesa, ocorrida em 1904.

As trincheiras da Saúde foram as últimas a serem abatidas. Ali constava haver dinamites e um canhão para impedir o avanço das tropas militares, mas, quando os revoltosos foram rendidos, descobriu-se que os materiais bélicos não passavam de um engodo: as tais dinamites eram pedaços de madeira enrolados em papel prateado, pendurados ao redor das trincheiras. O canhão, na verdade, era um dos muitos postes de iluminação derrubados pela população revoltada, montado sobre duas rodas de carroça. De longe assustava, mas era incapaz de sequer disparar um tiro!

A submissão do Porto Artur da Saúde ocorreu em 16 de novembro quando Prata Preta foi preso em uma emboscada policial. Após o decreto de estado de sítio, as barricadas da Saúde – que ocupavam toda a rua da Harmonia – foram atacadas: o Exército avançou por terra e a Marinha, com o couraçado Deodoro, submeteu os revoltosos pelo mar.

O levante popular ocorrido na região da Praça da Harmonia contestava a vacinação obrigatória contra a varíola imposta por Oswaldo Cruz, mas também representava a ampla resistência a políticas “modernizadoras” impostas de forma autoritária que deslocavam os pobres, particularmente a população negra, cada vez mais em direção à periferia. Nela, materializa-se a memória de uma população que, apesar de séculos de escravidão, marginalização e exclusão, manteve viva sua identidade por meio da resistência.

Após a derrota dos revoltosos, Pereira Passos conseguiu fazer sua reforma que  acabou por demolir o velho cortiço do Mercado da Harmonia, abrindo espaço para a praça arborizada e “civilizada” nos moldes parisienses.

A Praça da Harmonia, oficialmente Praça Coronel Assunção, é uma praça localizada no bairro da Gamboa, na Zona Central do Rio de Janeiro. Localiza-se no quarteirão formado pelas ruas Antônio Lage e Sacadura Cabral.

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