Tropas sob o comando do General Olympio Mourão Filho saem de Juiz de Fora em direção ao Rio de Janeiro
31 de março de 1964
Álvaro Camara de Pádua
O dia 31 de março começou mais cedo para os militares da 4ª Região Militar. Aquartelados no número 1180 da rua Mariano Procópio em Juiz de Fora, no prédio que um dia abrigou a Família Imperial, 2700 homens – entre oficiais, soldados e policiais militares – do chamado “Destacamento Tiradentes”, receberam a ordem de romper marcha em direção ao Rio de Janeiro.
A intenção do comandante, general Olympio Mourão Filho, era de acender o pavio da rebelião, causando assim uma desordem institucional que possibilitaria uma intervenção das Forças Armadas. Enquanto as tropas se deslocavam, o comandante tratou de divulgar seu “Manifesto à Nação e às Forças Armadas” onde se declarava oficialmente rebelado contra o governo João Goulart e instituía um estado de guerra em Minas Gerais.
A verdade é que a tropa de Mourão não possuía munição suficiente e nem treinamento para ação de combate em terreno aberto, caso ocorresse um embate surpresa o destacamento não teria chance alguma. Passados 40 quilômetros do “marco zero revolucionário”, estacionaram na divisa mineira, nas proximidades da cidade fluminense de Areal. A descida pela estrada União e Indústria contribuiu para o caráter espetacular da incursão em razão de sua largura estreita e de suas curvas, o que fez com que os jipes, ônibus e caminhões que transportavam a tropa e os carros de combate tivessem que trafegar em velocidade reduzida.
Assim que a notícia da rebelião chegou ao governo no Rio, o general Assis Brasil ordenou que o I Exército se mobilizasse para conter o movimento e exigir a rendição de Mourão. O que eles não imaginavam é que grande parte da oficialidade e dos soldados não estava disposta a morrer pela democracia e por isso se juntaram aos golpistas. O general Cunha de Mello, militar legalista encarregado do comando das tropas governistas, ainda tentou organizar uma resistência fechando a estrada para o Rio de Janeiro. No entanto, já era tarde demais, o I Exército já estava rachado e não apresentava mais condições de reação ao golpe.
Revista Manchete, “Edição Histórica”, abril de 1964, ed. 265. Fotógrafo desconhecido. Hemeroteca Digital / Fundação Biblioteca Nacional

