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Tropas do II Exército comandadas pelo general Amaury Kruel no Vale do Paraíba

1º de abril de 1964

Álvaro Camara de Pádua 

“Não, senhor. O senhor é que deve acabar com essa ‘pelegada’ toda e mudar sua política” respondeu o general Amaury Kruel às ordens de um Jango já enfraquecido frente às mobilizações populares da Marcha da Família com Deus pela Liberdade. Na semana do dia 19 de março, o presidente convocou Kruel para uma reunião no Rio de Janeiro a fim de discutir as implicações da Marcha em São Paulo.

O general, que comandava o II Exército – tropas de São Paulo e Mato Grosso –, era amigo pessoal de João Goulart e padrinho de João Vicente, seu filho. No entanto, a amizade não foi suficiente para impedir que o comandante conspirasse pelo golpe. Nas palavras do próprio Kruel: “Eu não aderi à Revolução. Eu fiz a Revolução. É bem diferente”.

Ao cair do dia 31 de março, em meio à movimentação das tropas do general Olympio Mourão Filho, de Minas Gerais em direção ao Rio de Janeiro, Jango ligou para Kruel. De São Paulo, o comandante do II Exército disse que havia aconselhado o presidente a abandonar os sindicalistas. João Goulart contestou, dizendo que não se podia largar os amigos. A resposta do general foi lacônica: “Bem, se o senhor não pode largar os amigos, a partir deste momento estamos separados”.

No Quartel General de São Paulo, o dia havia sido marcado por um clima de apreensão que envolvia o comandante do II Exército e alguns de seus comandados – como o general Aloísio, chefe da II Divisão de Exército, que chegou a dizer que prenderia o comandante diante dos indícios de adesão ao levante começado em Juiz de Fora. Foi então que às 22h50, após reunião com subordinados, Kruel ordenou o deslocamento das tropas do II Exército, rompendo oficialmente com o governo.

No dia seguinte, as tropas paulistas já marchavam em direção ao Rio de Janeiro quando, às 14 horas, o general Moraes Âncora, comandante do I Exército, negociou um encontro com Kruel na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), sediada no município de Resende e, à época, comandada pelo general Emílio Garrastazu Médici. Naquele momento, as tropas do I Exército, que ainda se mantinham leais ao presidente Goulart e foram enviadas para conter as movimentações na região do Vale do Paraíba, aderiram ao golpe militar. Foi então que Kruel sentenciou: “Está ganha a revolução”.

Revista Manchete, “Edição Histórica”, abril de 1964, ed. 265. Fotógrafo desconhecido. Hemeroteca Digital / Fundação Biblioteca Nacional

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