Tomada do Quartel General de Artilharia da Costa, ao lado do Forte de Copacabana
1º de abril de 1964
Taís Gomes
Uma movimentação de militares na altura do posto 6 em Copacabana, marcou o dia 1º de abril no Rio de Janeiro. O episódio foi divulgado pelos jornais como a tomada do Forte de Copacabana. Na verdade, a invasão foi feita no Quartel-General da Artilharia de Costa, vizinho do Forte, que ainda se mantinha na legalidade.
Em uma ação breve, alguns carros pararam em frente ao QG no início da tarde. Deles saíram 19 estudantes da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) e o coronel César Montagna de Souza, responsável por articular a operação. Armados e à paisana, todos ali se opunham ao presidente João Goulart. Ao ser abordado pela sentinela, o coronel, com a arma na mão, empurrou o militar e entrou no quartel. Para evitar um contra-ataque e marcar presença das forças golpistas, barricadas foram erguidas em frente ao local.
Os 12 sargentos e 20 soldados presentes foram rendidos. Moradores das redondezas assistiram à cena do assalto. Todos que estavam de plantão no QG foram desarmados e postos com as mãos na parede. Enquanto isso, muitos telespectadores puderam acompanhar o levante em tempo real. Isso porque a TV Rio transmitiu parte das ações – a guarita do quartel ficava bem debaixo da janela da emissora.
O Forte de Copacabana já havia se rebelado pela manhã. Como entre os dois quartéis não havia nem mesmo uma cerca que os separasse, os revoltosos transitavam pelos fundos do terreno do QG com facilidade. O comandante do Forte, Tenente-Coronel Arídio Brasil, avisou aos militares da ECEME que iria se rebelar na noite anterior. 27 oficiais da Escola apoiaram a decisão. O general Antonio Henrique Almeida de Moraes, comandante da Artilharia de Costa, até tentou convencê-lo de não ir adiante. Mas a tropa do Forte seguiu convicta para o levante.
O objetivo da invasão do QG era ampliar o contingente de adesões militares ao golpe e acelerar a desagregação do quartel. Isso porque, naquela manhã, apenas 2 unidades de combate – o Forte de Copacabana e a Fortaleza de São João – haviam aderido ao levante militar iniciado em Juiz de Fora. Toda a operação foi decisiva para a afirmação do poder no início das movimentações golpistas.
Revista O Cruzeiro (Extra), “Edição Histórica da Revolução”, 10 de abril de 1964. Fotógrafo desconhecido. Hemeroteca Digital / Fundação Biblioteca Nacional



