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Tomada do Forte de Copacabana

01 de abril de 1964

Danilo Araujo Marques

Às 12h30, alguns poucos carros pararam na frente do Quartel-General da Artilharia de Costa, Posto 6, vizinho ao Forte de Copacabana. Um homem na altura dos 50 anos de idade pulou, decidido, de um dos automóveis e entrou pela porta da frente. Seu nome era coronel César Montagna de Souza e estava ali para fazer cumprir o levante contra a legalidade vigente. Atrás dele, entraram, gritando, 19 estudantes da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), todos armados e sem farda. O comandante do QG, general Antonio Henrique Almeida de Moraes, resolveu não criar alvoroço e pediu para os rebeldes mudarem de ideia. Em vão. Naquele fim de manhã, a cena era digna de faroeste: de um lado, os revoltosos ficaram com o Forte; do outro, estavam com o QG o general, 12 sargentos e 20 soldados. Foi assim até não ser mais. 

“O QG estava tomado. Foi um golpe contra meia dúzia de burocratas que estavam lá dentro. Uma palhaçada”, definiu o tenente-coronel Newton Cruz, um dos 19 invasores. A ação foi rápida e não houve troca de tiros. Mas as imagens criaram impacto suficiente para mostrar à sociedade que, naquele 1º de abril, as fronteiras entre legalidade e exceção haviam se rompido de vez na caserna. 

Isto porque a ocupação da primeira instituição militar da Guanabara por forças rebeldes aconteceu bem debaixo da janela da TV Rio. Parte da movimentação foi filmada. Pouco tempo depois, estava no ar – e atingindo picos de audiência. Naquele particular Dia da Mentira, a dita “revolução” foi televisionada. E, por acaso, um jovem fotógrafo do Jornal do Brasil, chamado Evandro Teixeira, também estava por lá. O resultado foi a disseminação da atmosfera de um dia histórico e a fabricação do imaginário de instante zero do golpe.

Quartel General da Artilharia de Costa. 1 de abril de 1964. Fundo Correio da manhã/Arquivo Nacional.

Tomada do QG da Artilharia de Costa. 1 de abril de 1964. Revista O Cruzeiro (Edição Extra), 10 de abril de 1964. Hemeroteca Digital/Fundação Biblioteca Nacional.

Tomada do QG da Artilharia de Costa. 1 de abril de 1964. Revista O Cruzeiro (Edição Extra), 10 de abril de 1964. Hemeroteca Digital/Fundação Biblioteca Nacional.

Foto da Tomada do Forte feita por Evandro Teixeira, fotógrafo do JB. 1 de abril de 1964. Arquivo Digital. Acervo Evandro Teixeira.

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