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Secretário de Segurança Pública da Guanabara veta comício do governo marcado para a Central do Brasil

13 de fevereiro de 1964

Isabella Souza

O Brasil acabara de ouvir, em rede nacional, o pronunciamento do Ministro Chefe do Gabinete Civil, Darcy Ribeiro, em defesa das Reformas de Base para evitar uma revolução. Ao mesmo tempo, um comício na Central do Brasil era agendado para o dia 13 de março, para que o Presidente João Goulart pudesse anunciar o início das Reformas. O local era estratégico: tradicional palco de eventos políticos, no coração do Rio de Janeiro e com estrutura para receber os milhares de reformistas aguardados pelo governo.

Ao ouvir a notícia sobre a realização do evento, Gustavo Borges, secretário de Segurança Pública da Guanabara, vetou a sua realização. O contexto político fervilhava na época, e Borges, que havia sido indicado ao cargo pelo governador udenista Carlos Lacerda, tomou a decisão de cortar qualquer manifestação política no centro da cidade.

A Central do Brasil tornou-se o epicentro de um embate ideológico. A proibição do comício gerou intensos debates e os apoiadores da medida argumentavam pela necessidade de manter a ordem e evitar tumultos. Alegavam também que esse tipo de evento servia para agitadores e candidatos e que Jango não era nenhuma das duas coisas. Contudo, críticos acusaram Borges de cercear a liberdade de expressão e questionaram a legitimidade da ação. A proibição foi recebida na cúpula do governo como uma afronta à democracia.

O secretário alegou preocupações com a segurança pública. O clima político instável naquele momento parecia, para ele, demandar precauções extremas. No entanto, a proibição do comício foi interpretada por muitos como um ato de censura e acabou não surtindo efeito. Um mês depois, milhares se reuniram na Central para ouvir o Presidente.

Notícia no Jornal do Brasil sobre a decisão de Gustavo Borges. Rio de Janeiro, 27.02.1964. Hemeroteca Digital/ Fundação da Biblioteca Nacional.

Nota no Jornal do Brasil sobre o posicionamento do Presidente João Goulart após a proibição do comício. Rio de Janeiro, 27.02.1964. Hemeroteca Digital/ Fundação da Biblioteca Nacional.

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