Sandra Cavalcanti é recebida com pedras e vaias em mais uma remoção de favela
Giovana Vitória Martins Dotta
A gestão de Carlos Lacerda como primeiro governador do Estado da Guanabara inaugurou um período de remoções de favelas e transferência dos moradores para conjuntos habitacionais construídos pelo governo em grande escala, sendo os maiores Vila Kennedy e Vila Aliança, nos bairros de Bangu e Senador Camará, respectivamente. O foco das ações estava na remoção de favelas para conjuntos habitacionais. Durante seu governo também foram criados “Conjuntos Habitacionais Provisórios” (CHP), bem como os Parques Proletários, onde os moradores de favelas removidas eram abrigados ‘provisoriamente’ em casas de madeira.
Os parques proletários, executados na gestão de Carlos Lacerda, propunham a transferência dos moradores de favelas para alojamentos provisórios em áreas do entorno, enquanto seriam construídas habitações definitivas, preferencialmente nos subúrbios da cidade, utilizando terrenos estatais.
Tais medidas estão na origem da consolidação de grandes aglomerados de zonas suburbanas cariocas. Em resposta a essa política habitacional, os moradores das favelas mais vulneráveis se organizaram em associações e iniciaram uma série de mobilizações populares, para resistir às políticas de remoção e violência urbana. A distância do centro urbano, a precariedade dos transportes e a falta de infraestrutura eram problemas enfrentados pela população excluída da cidadania.
Em 1964, para a Secretária de Serviços Sociais do Estado da Gunabara, Sandra Cavalcanti, não era a favela que precisava ser urbanizada, mas sim o “favelado”. Com uma forma de atuação que violava a dignidade dos moradores, ela comandava e decidia pela extinção de determinadas favelas.
Sandra era odiada tanto por sua forma de atuação violenta quanto pelas políticas habitacionais, manifestando seu higienismo na região nobre da Guanabara. Segundo ela, o objetivo imediato da remoção era o de liberar a área para obras de urbanização e a construção, no local, de edifícios residenciais, o que favoreceu a sanha especulativa do mercado imobiliário.
Catacumba. Jornal O Correio da Manhã. Rio de Janeiro, 1964. Fundo Correio da Manhã/Arquivo Nacional.
Jornal O Correio da Manhã. Rio de Janeiro, 1964. Fundo Correio da Manhã/Arquivo Nacional
Remoção no bairro Catacumba. Jornal O Correio da Manhã. Rio de Janeiro, 1964. Fundo Correio da Manhã/Arquivo Nacional
Favela da Catacumba. Jornal O Correio da Manhã. Rio de Janeiro, 1964. Fundo Correio da Manhã/Arquivo Nacional
Remoção da Catacumba. Jornal O Correio da Manhã. Rio de Janeiro, 1964. Fundo Correio da Manhã/Arquivo Nacional.