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Revolta dos Marinheiros afronta Forças Armadas

25 de março de 1964

Danilo Araujo Marques

“Aceite, Senhor Presidente, a saudação dos marinheiros e fuzileiros navais do Brasil, que são filhos e irmãos dos operários, dos camponeses, dos estudantes”. O discurso de José Anselmo dos Santos, o Cabo Anselmo – informante mais conhecido da Marinha e da CIA durante a Ditadura Militar – disparou o gatilho de uma ocupação que durou 3 dias no Palácio do Aço, sede do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio, localizado na rua Ana Néri, em São Cristóvão.

Naquele dia, cerca de 2 mil marinheiros se encontraram para celebrar os 2 anos da Associação de Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil (AMFNB). Prestigiada entre os marujos, a Associação não era bem-vista pelo alto comando das Forças Armadas. Tudo por conta de sua orientação progressista. Foi por isso que nem o evento, nem o discurso do presidente da Associação soaram bem. Resultado: o ministro da Marinha, Sílvio Mota, ordenou a prisão dos organizadores. Em reação, os marinheiros cruzaram os braços e se recusaram a abandonar a sede do sindicato.

A tensão aumentou quando 25 soldados da tropa enviada para desmobilizar a revolta depuseram suas armas e aderiram ao protesto. Diante de mais um desacato, o presidente João Goulart – que estava fora do Rio – voltou às pressas e nomeou um novo ministro para assumir as negociações. A saída dos amotinados ficou acertada logo na manhã do 27. À tarde, Jango declarou anistia aos marujos. 

O motim saiu vitorioso. Mas o alto comando das Forças Armadas não deixaria passar por menos aquele insulto. Foi assim que a Revolta dos Marinheiros serviu de prato cheio para quem andava conspirando contra Jango. Mais do que nunca, a imagem de agitador e inimigo da ordem estava colada ao presidente da República.

Cabo Anselmo discursa ao microfone. À sua direita, Hércules Corrêa, do CGT. Fundo Correio da Manhã/Arquivo Nacional.

Marinheiros se dirigem aos fuzileiros navais do lado de fora do Sindicato. 27 de março de 1964. Fundo Correio da Manhã/Arquivo Nacional

Adesão de fuzileiros navais à revolta dos marinheiros. Fundo Correio da Manhã/Arquivo Nacional.

A saída dos marinheiros. 27 de março de 1964. Fundo Correio da Manhã/Arquivo Nacional

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