Multidão comparece ao Comício das Reformas
13 de março de 1964
Danilo Araujo Marques
No fim da tarde de 13 de março de 1964, cerca de 300 mil pessoas se aglomeraram na Central do Brasil em um evento organizado por um grupo de sindicalistas do CGT. Composta por estudantes, professores, intelectuais e sobretudo por trabalhadores vindos de todos os cantos do país, uma multidão tomou conta da Avenida Presidente Vargas, no trecho entre a Candelária e a Central do Brasil. Naquele dia, o fluxo de veículos no centro do Rio de Janeiro foi completamente paralisado. “Jango! Defenderemos suas reformas à bala”, dizia um dos milhares de cartazes e faixas que inundaram a paisagem do comício.
Após a apresentação de conhecidos nomes da política e do campo das esquerdas – como o deputado federal Leonel Brizola e os governadores de Sergipe e Pernambuco, Seixas Dória e Miguel Arraes –, João Goulart subiu ao palanque e se ajeitou para falar ao microfone. Apesar do clima de festa, havia muito receio com a segurança do presidente, que, durante uma hora e cinco minutos, resolveu discursar de improviso para marcar a posição do seu governo: anunciou a encampação das refinarias privadas de petróleo, a desapropriação de terras improdutivas às margens de rodovias, ferrovias e açudes federais, e defendeu a alteração da Constituição para tornar viável o programa das Reformas de Base. “Hoje”, disparou Jango, “com o alto testemunho da Nação e com a solidariedade do povo, reunido na praça que só ao povo pertence, o governo, que é também o povo e que também só ao povo pertence, reafirma os seus propósitos inabaláveis de lutar com todas as suas forças pela reforma da sociedade brasileira.”
A multidão que estava ali para apoiar Jango explodiu em festa. Mas, para quem fazia oposição e conspirava contra o governo, a realização de um comício pelas reformas em frente ao Palácio Duque de Caxias – sede do Ministério da Guerra – não passava da mais pura provocação. E, naquela sexta-feira 13, o alarme do golpe soou.
Comício da Central do Brasil, foto de Domício Pinheiro. Rio de Janeiro, 13 de março de 1964. Estadão Conteúdo / Wikimedia Commons



