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Dom Hélder Câmara reza missa de sétimo dia de Ary Barroso

Gabriel Arruda

Em entrevista à revista Manchete em 1961, Ary Barroso confessou seu medo, não da morte, mas do ostracismo: “Sou um morto-vivo”, exclamou. O músico chegou a afirmar que tinha medo de um enterro esvaziado, onde nenhum dos presentes dava a devida atenção ao morto.

A inventividade e os vários talentos de Ary parecem ter impedido que seu temor se concretizasse. O jornal O Globo, em 12 de fevereiro de 1964 noticiou: “O último adeus a Ary Barroso: Mais de cinco mil pessoas acompanharam o enterro […] O caixão ia coberto por uma bandeira do Flamengo e conduzido, entre outras pessoas, pelo ministro Abelardo Jurema, representando o presidente da República, e pelo deputado Paulo Amora, que representava o governador”. 

Uma semana depois, os jornais seguiam cheios com os pedidos de celebração de missa “em intenção” do compositor. Assim o fizeram o Clube de Regatas Flamengo e várias associações de músicos e outros artistas. 

Os ritos litúrgicos do sétimo dia se juntaram em um único evento. O Globo trazia: “Com a igreja da Candelária inteiramente lotada, foi celebrada ontem por Dom Hélder Câmara a missa de 7º dia em memória de Ary Barroso, que contou com o coro do Teatro Municipal […]. Uma grande fila formou-se para dar pêsames à família de Ary, cuja mensagem de despedida – gravada em mil pequenos discos – será enviada aos amigos pelo seu filho, Sr. Flávio Rubens Barroso, que fez a gravação”.

Estiveram presentes, além dos familiares e amigos, os musicistas Ataulpho Alves, Pixinguinha, Almirante, Vicente Celestino, Donga e João de Barro, além do Senador Juscelino Kubitschek, do deputado Jamil Amiden, e dos Ministros Luiz Gallotti e Amaral Peixoto.

Alguns curiosos escritos de Ary, encontrados por sua filha Mariúza, após a morte do pai, mostram que ele previa, de certa forma, seu legado: “Sei que me dão por morto/ Mas meu grande conforto/ É que é tudo mentira/ Eu não morro somente/ […] / Eu sou eterno/ Porque Deus me quis assim”.

Entrevista com Ary Barroso na revista Manchete. Rio de Janeiro, 04 de novembro de 1961. Revista Manchete/ Hemeroteca Digital – Biblioteca Nacional, página 47, Edição: 0498

Foto do Enterro de Ary Barroso. Rio de janeiro, 1964. Foto de Ferreira. Arquivo Nacional, Fundo Correio da Manhã

Foto da Igreja da Candelária. Rio de Janeiro, 02 de abril de 1968. Autoria desconhecida. Arquivo Nacional, Fundo Correio da Manhã

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