No começo de 1964, a Petrobras foi protagonista de um escândalo na delicada política brasileira daquele período. No dia 28 de janeiro, o presidente da estatal, general Albino Silva, denunciou um caso de superfaturamento nas importações e exportações realizadas pela Petrobras sem o seu conhecimento. Suas acusações levantavam suspeitas sobre os diretores Jairo José Farias e Hugo Régis, indicados pelo movimento sindical, que prontamente responderam apresentando suas próprias delações sobre Albino Silva.

O episódio ganhou grande repercussão na imprensa. A crença era de que o escândalo poderia afetar o funcionamento da estatal, o que gerava muita preocupação. Para o governo federal, o momento era de urgência. A cobertura midiática – muitas vezes mesclada com especulação –, pintava de maneira extremamente negativa a presidência de João Goulart. Uma solução rápida e eficaz se tornou essencial para demonstrar que o governo federal estava no controle da situação: Jango decidiu exonerar Albino Silva de seu cargo e ordenar a substituição dos diretores delatores.

Para o cargo de presidência da Petrobras escolheu o marechal Osvino Ferreira Alves, militar de sua grande confiança e um de seus principais conselheiros. Ferreira era conhecido aliado dos movimentos sindicais, o que desagradava várias lideranças do Exército. No dia 5 de fevereiro, o Presidente da República recebeu Osvino Ferreira no Palácio das Laranjeiras, para realizar uma audiência e se aproximar da nova liderança da Petrobras. 

Em uma tentativa de equilibrar a balança política, foi nomeado para a alta direção da Petrobrás o general Arnaldo Augusto de Mata, decisão influenciada pelo então ministro da Guerra Jair Dantas Ribeiro. Mata era visto como um homem moderado, que discordava dos posicionamentos do marechal Osvino, e sua escolha foi vista pelas camadas superiores do Exército como uma maneira de frear os “ânimos sindicalistas” de João Goulart.