João Carlos Starling

Ministrada pelo então general e chefe do Estado-Maior do Exército, a aula teve como tema a “Destinação constitucional e finalidades do Exército”. O assunto, proposto por Castello Branco, estava relacionado com a teoria da “guerra revolucionária”, importada da França no final da década de 1950. Adaptada para a realidade brasileira, a teoria incitava nos militares a desconfiança em relação a políticos, o desprezo pelas massas e a convicção de serem eles próprios os únicos com capacidade para promover a “refundação” política e social do país. Embora tenha sido pouco divulgado pela imprensa, esse episódio se destaca dentro de um contexto no qual a possibilidade de uma intervenção militar já era amplamente discutida na caserna. 

As instituições de formação militares, como a própria ECEME, foram peças fundamentais no universo golpista de 1964. Além de centros de doutrinação, proporcionaram a oportunidade de formação de conexões dentro do círculo social militar e entre militares e civis. Seu papel foi essencial para a propagação das noções relacionadas à teoria da “guerra revolucionária”, as quais já estavam amplamente absorvidas pelo ideário militar. Além disso, auxiliaram na infiltração desses temas em algumas das camadas civis.