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Cartilha do MEB é apreendida em editora

Bruno Viveiros Martins

Criado em 1961 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com o apoio do Governo Federal, o Movimento de Educação de Base (MEB) tinha o propósito de desenvolver um programa de alfabetização para a população rural das regiões marginalizadas do País. Esse programa seria veiculado por meio de escolas radiofônicas transmitidas pelas emissoras católicas. A alfabetização em massa seria realizada através do rádio com o auxílio de cartilhas escolares. 

A partir de 1962, o MEB traçou as linhas pedagógicas para a criação de seu próprio material didático. Assim, foi pensado o livro de leitura Viver é lutar, que abordava a vida e a experiência do trabalhador rural, colocando em evidência as injustiças, a exploração, a fome e a miséria no campo como realidades a serem transformadas. Segundo seu próprio texto, “o trabalhador seria sujeito de mudanças nas estruturas econômicas políticas e sociais na medida em que sua insatisfação em relação à situação na qual se encontrava serviria de força para transformá-la”. Como cidadãos críticos e participativos, os trabalhadores rurais seriam capazes de intervir no contexto político, cultural e social, de acordo com os interesses específicos da comunidade e da região onde viviam. 

Contudo, no dia 20 de fevereiro de 1964, em meio ao acirramento das tensões políticas no país, a circulação do livro de leitura foi proibida. Além disso, foram apreendidos três mil exemplares na Companhia Editora Americana, no Rio de Janeiro, por decisão do governador do Estado da Guanabara, Carlos Lacerda, sob a alegação de ter recebido uma denúncia referente à impressão de “cartilhas comunistas”, que seriam distribuídas pelo Ministério da Educação e Cultura do Presidente João Goulart.

Aula do MEB. 1963-1964. Acervo: Movimento de educação de base – MEB

Aula do MEB. 1963-1964. Acervo: Movimento de educação de base – MEB

Capa da cartilha do MEB “Viver é lutar”. 1963. Acervo: Movimento de educação de base – MEB.

Charge ironiza a perseguição política aos movimentos de educação popular como o MEB. Autor: Jaguar – 1964.  Rio Ed. Civilização Brasileira.

Charge denuncia a apreensão de cartilhas escolares do MEB pelo governo de Carlos Lacerda. Autor: Fortuna – 1964. Ed. Civilização Brasileira.

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