Carlos Lacerda demite policiais da Invernada de Olaria
17 de fevereiro de 1964
Giovana Vitória Martins Dotta
Uma delegacia policial no Rio de Janeiro se destacou pela brutalidade com que tratava os indivíduos detidos em suas dependências. A Invernada de Olaria, nome pelo qual era conhecida a 4ª Subseção de Vigilância e Capturas, localizada no bairro de Olaria, se apresentava como arauto do combate à “onda de assaltos” na cidade. A imprensa – notadamente o Última Hora – denunciava crimes que iam de execução sumária a tortura. Sua associação com a categoria de “Esquadrão da Morte” datava de fevereiro de 1963.
Os policiais lotados na Invernada eram conhecidos por diversos episódios de espancamentos e assassinatos. O impiedoso não era o bastante. Anos antes, Clodomir Morais – advogado das Ligas Camponesas – foi preso e submetido a brutalidades, inclusive por meio de pau-de-arara.
Os suplícios empregados pela polícia motivaram a constituição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, que funcionou na Assembleia Legislativa do Rio sob a presidência do deputado José Bonifácio, de fevereiro de abril de 1963. Os fatos revelados na CPI – a mesma que apurou os afogamentos de pessoas em situação de rua no Rio da Guarda, pelas mãos da polícia – levaram à demissão dos detetives Felipe Matias Altério e João Martinho Neto. Além das investigações da CPI houve a comprovação dos fatos em Inquérito administrativo da polícia, restando comprovada a culpa dos acusados.
Governo vai explicar cessão de policiais e invernadas do terror. Jornal Correio da Manhã. 7 de novembro de 1964, página 3. Acervo Biblioteca Nacional.
Afastados da Invernada de Olaria os detetives Neto e Felipe. Jornal A noite. Página 2. 23/08/1963
Melô do Mão Branca. Música de: Barra, Carmen e Rocha, 1980. Intérprete: Gerson King Combo