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Cariocas recebem militares golpistas no centro da cidade

1º de abril de 1964

João Carlos Starling 

 Para grande parte da população da Guanabara naquele dia 1º de abril, a chegada das tropas era esperada. A marcha foi amplamente noticiada pelos rádios e jornais da época, e os moradores do Rio de Janeiro acompanharam com ansiedade o desenrolar da ação que poderia determinar se a cidade seria palco de um conflito armado. No dia anterior, muitos moradores correram aos mercados para comprar comida, estocar e se preparar para os diferentes cenários que poderiam surgir. A primeira página do Jornal do Brasil acendeu o alerta: “S. Paulo adere a Minas e anuncia marcha ao Rio contra Goulart”.

O levante militar contra o presidente da República até que era bem-visto por certas camadas da sociedade carioca. Sobretudo pela classe média, que percebia uma completa desordem na condução do governo federal, fator considerado fundamental para a crise econômica e social. Mesmo quando o governo não apoiava movimentos de esquerda, sua postura era vista como insuficiente para tranquilizar os receios de uma possível revolução socialista no Brasil.

A chegada relativamente tranquila dos tanques e caminhões sem indícios de conflito armado foi bem recebida. A perspectiva geral era de que a tão almejada intervenção militar havia finalmente chegado, trazendo a estabilidade, a proteção da democracia e o afastamento do fantasma do comunismo.

Famílias foram às ruas, com olhares curiosos, para receber os tanques, caminhões e tropas que, aos poucos, tomavam conta da paisagem da cidade. O clima geral era de celebração pela iminência do golpe de Estado contra o presidente Goulart. Por isso mesmo, as movimentações militares pelas principais vias do Rio de Janeiro naquele 1º de abril foram recebidas por muitos civis como algo semelhante a um desfile militar, uma ocasião para demonstrar patriotismo.

Rio de Janeiro, 1º de abril de 1964. | Fotógrafo desconhecido. Agência O Globo

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