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Adeus a Aníbal Machado

Bruno Viveiros Martins

Aníbal Machado, nascido em Sabará, teve uma vida agitada. Em sua passagem por Belo Horizonte, formou-se em Direito, foi professor e jornalista. Ainda estudante, atuava nas horas vagas como jogador de futebol no time do Atlético. Conhecido como “Pingo”, marcou o primeiro gol da história do clube alvinegro. Na cidade, fez parte do grupo de escritores que criou o movimento modernista mineiro. 

Em 1923, mudou-se para o Rio de Janeiro. Sua casa na rua Visconde de Pirajá, nº 487, em Ipanema, foi um dos pontos de encontro mais efervescentes da vida literária no país durante longos anos. Nesse endereço, o anfitrião recebia, sempre aos domingos no final da tarde, alguns dos grandes nomes da cultura e da arte brasileiras. Com o tempo, a residência passou a ser um lugar de referência na cidade para intelectuais e artistas das mais variadas linguagens como poesia, teatro, cinema, pintura, música e arquitetura. 

Entre os mais assíduos constam, entre outros, Clarice Lispector, Cecília Meireles, Tônia Carrero, Paulo Autran, Vinícius de Moraes, Niemeyer, Portinari, Di Cavalcanti, Heitor dos Prazeres e Guignard. O lugar era também um laboratório de ideias e atitudes que movimentavam a então capital federal. O ambiente era leve, alegre e delicado. As reuniões ficaram famosas pelo nome “Domingueiras do Anibal”, ocorrendo todas as semanas até o ano da sua morte, em 20 de janeiro de 1964. Nessa ocasião, Carlos Drummond de Andrade despediu-se do amigo pelas páginas do Correio da Manhã: “Recebeu a morte como recebia os amigos, os viajantes e os perseguidos políticos na casa branca de Visconde de Pirajá. A morte sentou-se na melhor poltrona, provou batida de maracujá, animadamente conversaram, noites e noites”.

Aníbal Machado em sua casa da rua Visconde de Pirajá, nº 487, em Ipanema. Sem data. Autor: não identificado. Acervo: Arquivo Nacional. 

Desenho em nanquim de Aníbal Machado. Autor. Emiliano Di Cavalcanti. Data: 1963. Acervo do Museu de Arte Contemporânea/ USP. 

Charge de Aníbal Machado com seu livro “João Ternura”. Autoria: Moura. Data: 22/10/1955. Acervo: Correio da Manhã.

Fachada da casa de Aníbal Machado, onde ocorriam as “Domingueiras do Aníbal”. Rio de Janeiro. Sem data. Autoria: não informada. Acervo: Editora Nova Fronteira.

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