Estátua Carlos Gomes

Carlos Gomes fototipia)

Antônio Carlos Gomes nasceu em Campinas, em 11 de julho de 1836 e, desde cedo, demonstrou interesse pela música, tendo sido encorajado por seu pai, Manuel José Gomes – também músico. Na juventude, dividia seu tempo entre o emprego como alfaiate e os estudos de música. 

Aos 15 anos, começou a compor valsas, polcas e quadrilhas. Aos 18, ganhou notoriedade com a composição de sua primeira missa – a Missa de São Sebastião. A obra foi dedicada a seu pai e era repleta de misticismo. Em 1857, publicou A Cayumba, uma das primeiras obras clássicas em que é utilizado ritmo de danças de origem africana dentro de uma estrutura de polca de salão. 

Mudou-se ainda jovem para o Rio de Janeiro para estudar no Imperial Conservatório de Música, onde recebeu orientação de mestres consagrados, como Francisco Manuel da Silva, o autor do Hino Nacional Brasileiro. Em 1861, estreou no Teatro Lyrico Fluminense A Noite do Castelo, seu primeiro trabalho de fôlego, baseado na obra de Antônio Feliciano de Castilho. Carlos Gomes foi aclamado por uma multidão entusiasmada. O imperador D. Pedro II, também entusiasmado com o sucesso do jovem compositor, agraciou-o com a Imperial Ordem da Rosa.

O talento de Carlos Gomes logo conquistou a Corte. Em 1863, apresentou sua segunda ópera, Joana de Flandres, com libreto de Salvador de Mendonça, que também alcançou grande sucesso. Como reconhecimento ao seu talento, foi escolhido para receber uma bolsa de estudos na Europa, às expensas da Empresa de Ópera Lírica Nacional, conforme contrato com o governo Imperial. 

Consta que Dom Pedro II preferia que Carlos Gomes fosse para a Alemanha, onde pontificava o Maestro Richard Wagner, mas a imperatriz, Dona Teresa Cristina, napolitana, sugeriu-lhe a Itália. Sob a proteção de Pedro II, foi admitido no Conservatório de Milão, onde, em 1866, recebeu o diploma de mestre e compositor com os maiores elogios de todos os críticos e professores.

Vivendo em Milão, mas sem se esquecer do Brasil, buscava inspiração para um trabalho que o projetasse definitivamente. Certa tarde, em 1867, passeando pela Praça do Duomo, ouviu um garoto apregoando: “Il Guarany! Il Guarany! Storia interessante dei selvaggi del Brasile!”. A péssima tradução do romance de José de Alencar para o italiano despertou interesse no maestro. Naquele momento nascia a ideia para sua obra mais famosa. 

Partitura de “O Guarani”, ou “Il Guarany”

Seu libreto, em italiano, foi escrito por Antonio Scalvini e Carlo D’Ormeville. A obra se destaca como a primeira ópera brasileira a ser aclamada fora do Brasil. O Guarani é reverenciado por sua rica orquestração, melodias inspiradas e a integração de elementos da música indígena brasileira, contribuindo para sua reputação como uma obra única no repertório operístico. A obra seguia uma tendência na Europa de seu tempo: a curiosidade sobre povos e costumes estrangeiros. O Guarani estreou no Teatro Alla Scala de Milão em 1870. Giuseppe Verdi, que serviu de inspiração para o jovem Carlos Gomes, teria dito nessa noite: “Questo giovane comincia dove finisco io!” (“Este jovem começa onde eu termino!”). Sua abertura foi eternizada como tema do programa de rádio A Voz do Brasil.

Após o fim da Monarquia, o governo da recém instalada república ofereceu a Carlos Gomes   a quantia de 20.000$000 (vinte contos de reis) para que compusesse um novo hino nacional, mas o maestro recusou-se em respeito ao imperador deposto, se amigo e protetor, que encontrava-se exilado.

Em abril de 1896, retornou ao ao Brasil – já bastante doente – e assumiu  a direção do Conservatório Carlos Gomes, em Belém do Pará. Faleceu logo depois, em 16 de setembro. O Maestro é patrono da cadeira de número 15 da Academia Brasileira de Música e teve o nome inscrito no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, em 26 de dezembro de 2017.

O legado de Carlos Gomes  foi reconhecido pela UNESCO, que inscreveu sua obra no Registro Internacional do Programa Memória do Mundo (MOW), em 2017. Por tudo isso, Carlos Gomes é um dos musicistas mais homenageados no Brasil. 

Em 1959, por sugestão do barítono Paulo Fortes, foi proposta a colocação de uma estátua do compositor brasileiro Carlos Gomes, em frente ao Theatro Municipal do Rio De Janeiro, em substituição à Estátua de Frederic Chopin, inaugurada naquele local em 1939. O monumento marcaria o início da temporada lírica nacional de 1960. Inaugurada em 16 de Janeiro de 1960, a obra foi custeada pela Secretaria de Viação e Obras da Prefeitura do Distrito Federal, sendo assentada pela Engenheira Elsa Osborne.

O monumento  é uma cópia da estátua criada por Rodolfo Bernardelli e instalada no Largo do Carmo, em Campinas, cidade natal do Maestro. Bernardelli retratou Carlos Gomes no momento em que terminava uma regência e pedia silêncio à orquestra para os aplausos da plateia. Uma curiosidade é que dentro do Teatro Municipal existe um busto de bronze de Carlos Gomes esculpido por Bernardelli, colocado no hall de acesso às cadeiras do primeiro andar. Existe ainda outro busto em sua homenagem em Paquetá, bem como um teatro que tem seu nome, na Praça Tiradentes.

A presença da estátua de Carlos Gomes na Cinelândia, um ponto emblemático da vida cultural do Rio de Janeiro, reforça o impacto de sua obra e a importância de sua contribuição para a cultura brasileira e seu reconhecimento no Brasil e no Exterior.

Patrocínios

Parceiros

Realização

Pular para o conteúdo