Álvaro Camara de Pádua

No dia seguinte à divulgação do “Manifesto do Clube Naval à Nação”, o presidente da associação, Capitão-de-Mar-e-Guerra João Marcos Dias, e os membros de sua diretoria receberam membros do Clube Militar e seu presidente, Marechal Augusto Magessi. A atitude foi uma demonstração de apoio e união das Forças Armadas em “expressão máxima da sua solidariedade, neste momento histórico mas de triste registro, em que todos a uma voz, clamam pelo restabelecimento da disciplina e da ordem, da garantia absoluta do princípio da autoridade e de respeito integral às disposições legais do país”.

Marcos Dias ressaltou que a presença da diretoria e dos membros do Clube Militar demonstrava “a convicção de que o processo de subversão imposto à Marinha representa uma etapa de desagregação das Forças Armadas”, e que isso jamais seria aceito. Completava afirmando que a presença do Marechal certificava que não conseguiriam “cubanizar” o Brasil.

Durante a assembleia, que durou quase o dia inteiro, a sede do Clube Naval, na Avenida Almirante Barroso recebeu outras presenças ilustres. Marechais, almirantes e deputados se alternavam em discursos que relembravam os feitos heroicos da Marinha e cobravam respeito às tradições da instituição. 

Horas depois, o presidente João Goulart faria um discurso no Automóvel Clube que selaria o seu destino e o da nação. No dia seguinte, as manchetes dos jornais estampariam não só o registro dos manifestos de ambos os Clubes, mas também imagens do pronunciamento de um presidente irreconhecível. Enfraquecido por mais uma crise em seu governo, em poucas horas Jango sofreria seu xeque-mate pelas mãos do Exército.