Chegadas e partidas: retornos

Sou negro e venci tantas correntes
A glória de quebrar todos os grilhões
Na volta das espumas flutuantes
Mãe África receba seus leões

Samba enredo da Unidos da Tijuca, 2003. Haroldo Pereira. Valtinho Junior e Wantuir

Última vista do porto do Rio de Janeiro. Charles Landseer, 1825-1826. Instituto Moreira Salles

O porto do Rio, assim como o Cais do Valongo e sua enseada, não eram apenas lugares de chegada, mas também de partida e miradas em direção ao Atlântico. Era por onde africanos e seus descendentes percebiam as conexões com a outra margem do oceano e podiam sonhar com a volta, com um retorno à terra natal.

Libertos, africanos em maioria, voltaram para a África a partir do Rio de Janeiro, em pleno vigor da escravidão no Brasil. Voltaram individualmente, e também, com muito trabalho e luta coletiva, organizaram-se, programaram e voltaram em grupo — alguns destes, com mais de cem pessoas.

Contrato dos libertos retornando à África no Brigue Robert, 1851. Retirado de “A vida dos escravos no Rio de Janeiro”, de Mary Karasch

O Atlântico foi também um rio com um fluxo de pessoas que se dirigiram às costas africanas. E a vitória sobre as correntes da escravidão pode ser dupla, algumas vezes significando também se colocar na contracorrente do tráfico escravista transoceânico. Além de idas e vindas de comerciantes, religiosos e trabalhadores marítimos, o Rio Atlântico foi cenário de retornos de africanos cruzando o oceano.

O porto do Rio de Janeiro – Marc Ferrez, c. 1895. Instituto Moreira Salles

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