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Carnaval começa mais cedo no Rio de Janeiro

Cauã Zenha

Para muitos, o ano só começa após o Carnaval. Em 1964, seguindo essa tradição, o que os jornais chamavam de “O maior show da Terra” abriu de forma peculiar um ano que se revelaria bastante incomum. Isso porque, além do calendário daquele ano ter a festa do Rei Momo planejada para começar no dia 8 de fevereiro – ao invés de ser no fim do mês como habitualmente –, o secretário de Segurança, Gustavo Borges, surpreendeu os carnavalescos às vésperas do início da folia, anunciando que iria prender todos aqueles que beijassem na boca em público, argumentando que beijos públicos violariam os princípios morais e desagradariam os turistas. No entanto, a proibição resultou em uma notável resistência contra a polícia, sendo relatada pelos jornais como uma “epidemia de beijos” na cidade.

No início daquele ano, a capital carioca recebeu milhares de turistas, incluindo celebridades como as atrizes estrangeiras Elza Martinelli e Brigitte Bardot. Milhões de foliões invadiram as ruas, participando de blocos e ranchos. Além disso, os clubes serviram de palco para animados bailes, como os organizados pelos funcionários do Fluminense F.C. O ginásio do time, que naquele ano foi decorado sob o tema “fantasias do Oriente”, proporcionava uma atmosfera festiva e única. Além disso, o carnaval teve como destaque o impressionante desfile das escolas de samba, que investiram surpreendentes 1 bilhão e 116 milhões de cruzeiros para os momentos gloriosos na avenida. A campeã, Portela, com o terceiro maior orçamento, distribuiu um bolo de três metros ao povo, promovendo as cenas de seu samba-enredo “Segundo Casamento de D. Pedro I”.

Manchete anuncia subversão de foliões cariocas à proibição de beijos públicos. Curitiba, 10 de fevereiro de 1964. Ultima Hora (PR). Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.

Charge satirizando a proibição de beijos em público. Rio de Janeiro, 8 de fevereiro de 1964. Ultima Hora (RJ). Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.

Desfile do Bloco dos Bancários com fantasias egípcias. Rio de Janeiro, 9 de fevereiro de 1964.  Fundo do Correio da Manhã / Arquivo Nacional.

Vilma Nascimento, Porta-Bandeira da escola de samba campeã Portela. Rio de Janeiro, 10 de fevereiro de 1964. Foto de Paulo Namorado. Acervo de Paulo Namorado no site Flickr.

Manchete “Beijo na bôca vai ser epidemia”. Rio de Janeiro, 6 de fevereiro de 1964. Ultima Hora (RJ). Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.

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