ATO INSTITUCIONAL Nº 1
09 de abril de 1964
Francis Augusto Duarte
“O ato não foi um ato; foi um fato lamentável, mas, justamente por ser um fato, já contém em si os germes do antifato que criará o novo fato”. Carlos Heitor Cony escreveu em uma crônica no Correio da Manhã, três dias após a assinatura do Ato Institucional imposto pelo autodenominado Comando Supremo da Revolução, composto pelo General do Exército Artur da Costa e Silva, Tenente-Brigadeiro Francisco de Assis Correia de Melo e Vice-Almirante Augusto Hamann Rademaker Grünewald. O AI foi assinado em 9 de abril de 1964 e contava com onze artigos que funcionavam como suporte legal ao Golpe, substituindo a Constituição, modificando a estrutura política do Estado brasileiro e concentrando as atribuições dos poderes nos militares.
O ato fornecia as diretrizes e normas necessárias, para que o próximo presidente tivesse o poder concentrado em suas mãos. O general Castello Branco, escolhido dias depois, teve no AI-1 o instrumento jurídico que permitiu o encarceramento de milhares de pessoas, cassações em massa e o expurgo dos servidores públicos. Para dar legitimidade jurídica, foram convidados para redigir o Ato os juristas Carlos Medeiros da Silva e Francisco Campos, este responsável pela redação da autoritária Constituição brasileira de 1937. Um dos principais focos do AI-1 foi a suspensão, por 6 meses, das garantias constitucionais. No dia seguinte, foram suspensos, pelo prazo de dez anos, os direitos políticos de 100 cidadãos, como o presidente deposto João Goulart, Jânio Quadros, Leonel Brizola e Luís Carlos Prestes.
Naquela quinta-feira de abril, a repressão foi institucionalizada. E o Ato Institucional garantiu um regime autoritário que mudaria para sempre os rumos da história brasileira. No dia 9 de abril de 1964, com três assinaturas, o documento demonstrava para o Brasil que, a partir daquele momento, o poder era da “Revolução” e os expurgos estavam só no começo. O Ato, agora, era um Fato.
Capa do Jornal Correio da Manhã, 10 de abril de 1964. Acervo da Biblioteca Nacional.
Capa do Jornal do Brasil, 10 de abril de 1964. Acervo da Biblioteca Nacional.