A fundação da AMEA e a “Resposta Histórica” do Vasco
Após o campeonato de 1923, quando o Vasco tornou-se o primeiro time com negros e pobres no elenco a sagrar-se campeão do principal torneio de futebol do Rio, os clubes das elites, perceptivelmente incomodados com o feito, abandonaram a Liga Metropolitana e fundaram a AMEA (Associação Metropolitana de Esportes Atléticos).
A nova associação não contava com a participação do Vasco ou demais times de menor porte, com a justificativa de não se enquadrarem aos novos critérios: possuir campo apropriado para a realização de jogos e inscrever jogadores em um processo que era extremamente complicado e cheio de responsabilidades e punições. Com essas exigências, retirava-se a possibilidade de participação de negros e brancos pobres da AMEA. Um dos dispositivos da associação, inclusive, validava a negação da participação de motoristas, profissão do goleiro do Vasco.
Para que o clube cruzmaltino pudesse participar da AMEA, foi apresentada uma lista com o nome de 12 jogadores que deveriam ser excluídos. Os 12 eram negros e operários. Diante da exigência, o Vasco da Gama enviou uma carta à AMEA, intitulada de “A Resposta Histórica”:
O time ficou de fora do campeonato da AMEA de 1924 e permaneceu na Liga Metropolitana, onde novamente foi campeão invicto. Os clubes que integravam a AMEA, ao perceberem que os jogos do Vasco atraíam grande público, convidaram o time a fazer parte da associação em 1925 – dessa vez, com todos os seus jogadores.
O Vasco da Gama ajudou a romper as barreiras do mundo do futebol no início do século XX, trazendo cada vez mais jogadores das classes pobres e servindo de exemplo para os outros times.