Igreja positivista
Quem passa pela rua Benjamin Constant, na Glória, se depara com um edifício monumental em estilo arquitetônico neoclássico: a Igreja Positivista do Brasil. No friso frontal da fachada lê-se “O amor por princípio, a Ordem por base, o Progresso por fim”, que inspirou a legenda “Ordem e Progresso” da bandeira republicana. O Positivismo foi criado no início do séc. XIX pelo filósofo francês Augusto Comte, se difundiu na Europa e chegou ao Brasil no final dos Oitocentos, pelas mãos de Miguel Lemos e Raimundo Teixeira Mendes. No Brasil, essa corrente filosófica ganhou o maior número de simpatizantes, especialmente entre as Forças Armadas, durante a Proclamação da República e nas 1as décadas do séc. XX. Os positivistas contribuíram para a implantação de um imaginário republicano que envolveu a criação de símbolos como a bandeira, o hino, heróis e a alegoria feminina para representar a República.
Inspirado no Iluminismo, Augusto Comte também idealizou uma religião pautada na racionalidade e no altruísmo, cujo ritual e iconografia se inspiraram no catolicismo. No Rio, a Igreja Positivista foi inaugurada em 1881 no Centro. Em 1897, a sede foi transferida para o prédio atual, o Templo da Humanidade e, em 1903, fundou uma capela em Paris, a Chapelle de l´Humanité.
O filósofo também elaborou um calendário anual com 13 meses e 28 dias que começa em 1789, ano da Revolução Francesa. O calendário destaca 364 personagens emblemáticos como Moisés, Homero e Aristóteles, que têm seus bustos expostos na nave central da Igreja no Rio.
O acervo documental e museográfico contempla um período importante da nossa história: uma biblioteca com cerca de 1500 títulos, um conjunto de milhares de folhetos de propaganda que integram o Programa Memória do Mundo da Unesco e, até 2010, o protótipo da Bandeira Nacional idealizado por Raimundo Teixeira Mendes e pintado por Décio Villares, que se encontrava sob a sua guarda quando foi furtado. Décio Villares também foi o responsável pela criação da imagem de Tiradentes que conhecemos representado como mártir cristão.
Tombado pelo INEPAC em 1978, o prédio na Glória encontra-se interditado desde 2009 por conta do desabamento de parte do telhado.
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