Cinédia e Atlântida (produtoras de cinema)
Vicente Celestino, no papel de um alcóolatra maltrapilho, lança um olhar pensativo para o além e, de repente, saca o violão para responder à pergunta feita numa mesa de bar: “A senhora quer saber por que eu bebo?”. A resposta vem em forma de canção: “Tornei-me um ébrio e na bebida busco esquecer…” A cena clássica integra o filme O ébrio, de 1946, um dos maiores sucessos de bilheteria do cinema nacional, em todos os tempos. E também um dos filmes mais marcantes produzidos pela Cinédia, nada menos que o mais antigo estúdio de cinema do Brasil.
A Cinédia foi inaugurada em março de 1930, pelo jornalista carioca Adhemar Gonzaga, como a primeira experiência de produção industrial de cinema por aqui. Seu foco eram dramas populares e comédias musicais, conhecidas como chanchadas. Em 1933, lançou no cinema, Carmen Miranda, no filme dirigido por Adhemar Gonzaga e Humberto Mauro, chamado A voz do Carnaval. Lançou também vários atores como Oscarito, Grande Otelo e Dercy Gonçalves. Terminou suas atividades como produtora e realizadora em 1951.
Outra produtora fundamental para o desenvolvimento da sétima arte em nosso país foi a Atlântida Cinematográfica. Foi fundada em setembro de 1941, por Moacir Fenelon e os irmãos José Carlos e Paulo Burle. Seus criadores tinham como meta o progresso do cinema brasileiro, através de empreendimentos industriais, e sonhavam com a união entre o cinema popular e o de arte. No início, a Atlântida dirigiu seu foco para os telejornais.
Seu primeiro sucesso foi o filme Moleque Tião, que tinha como protagonista Grande Otelo. Era dirigido por José Burle e inspirado na vida do próprio ator. Era a entrada da produtora no mundo das questões sociais. Entre 1943 e 1947, a produtora ganhou consistência, com a realização de 12 filmes, entre eles, Tristezas não pagam dívidas, que reuniu, pela primeira vez, Grande Otelo e Oscarito. No ano de 1947, o controle da Atlântida passou para o grupo de Luis Severiano Ribeiro e ganhou uma linha mais comercial.
A produtora divertiu o público brasileiro com as suas chanchadas e fez a alegria dos cariocas, que viram suas paisagens e hábitos retratados nos filmes. A Atlântida produziu um total de 66 filmes até 1962, quando interrompeu suas atividades.