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Milícias civis portam armas pelas ruas da Guanabara no dia do golpe

1º de abril de 1964

Anna Carolina Viana 

No dia 1º de abril, Carlos Lacerda ordenou que todas as manifestações de resistência ao golpe de Estado em curso fossem identificadas e eliminadas. A missão foi dada aos policiais civis e militares e a uma milícia paramilitar que existia na Guanabara desde 1963: os “Lacerda Men”. O nome do grupo foi escolhido pelos próprios participantes e anunciava a sua lealdade ao então governador da Guanabara. Este grupo era composto por cerca de 300 homens e suas operações eram estruturadas de acordo com um padrão militar: deveriam agir como tropa de choque e fornecer cobertura de segurança em comícios. As armas utilizadas pelo grupo vinham de um depósito clandestino estabelecido no Estádio Mário Filho, o Maracanã. Os “Lacerda Men” faziam parte do esquema de segurança oficial do governador desde o ano de sua criação. E não foram apenas eles que atuaram naquele momento: a existência de milícias paramilitares foi comum no final dos anos 1950 e na primeira metade da década de 1960. Esses grupos combinavam um discurso anticomunista com ações extremamente violentas e estavam espalhados pelo país: atuaram no Rio de Janeiro, em São Paulo, no Mato Grosso, em Alagoas, no Paraná e em Santa Catarina.

As milícias paramilitares foram importantes para o golpe do ponto de vista pragmático, ideológico e político: atacavam pontos de apoio do presidente João Goulart – as redações de jornais foram um alvo comum –, disseminavam o discurso anticomunista e contrário ao governo vigente, e fortaleciam os opositores do governo engrossando as fileiras de apoio ao movimento golpista. No caso dos “Lacerda Men”, além da atuação anterior como segurança armada nos comícios, o grupo foi instrumentalizado pelo governador para fazer uma verdadeira “caça às bruxas” no dia 1º de abril. Os milicianos desfilaram armados pelas ruas do Rio de Janeiro e reprimiram as resistências. Um dos momentos mais críticos da atuação do grupo foi o ataque ao prédio da União Nacional dos Estudantes (UNE): os “Lacerda Men” arremessaram móveis, cadeiras e livros pelas janelas, depredaram salas e jogaram coquetéis Molotov no edifício, cuja fachada logo foi tomada pelas chamas.

Revista Fatos & Fotos. 4 de abril de 1964, n. 166. Fotógrafo desconhecido. Acervo Projeto República / UFMG

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