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Fuzileiros Navais depõem armas e aderem ao motim dos marinheiros

26 de março de 1964

Danilo Araujo Marques 

No dia 25 de março de 1964, os líderes da Associação de Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil (AMFNB) desacataram a ordem do almirante Sílvio Mota, ministro da Marinha, e mantiveram as comemorações pelos 2 anos de criação da organização. E fizeram isso sabendo muito bem o sentido político da decisão. Tratava-se de marcar posição em favor das reivindicações por melhoria nas condições dos marujos a bordo nos navios. Mas, para a oficialidade, aquilo não passava da mais atrevida insubordinação. Um ato de indisciplina, diante da proibição de qualquer organização sindical no interior das Forças Armadas.

O almirante Mota enviou um destacamento de fuzileiros navais para o Palácio de Aço, sede do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro, no bairro São Cristóvão, onde os marinheiros estavam reunidos. O objetivo era prender os organizadores em uma ação rápida. Só que, para surpresa de todos, assim que chegaram ao local, os fuzileiros navais depuseram as suas armas e capacetes e se juntaram aos marinheiros – a cena foi registrada pelo fotógrafo do Correio da Manhã. Tudo com o aval do comandante da tropa, almirante Cândido Aragão, que logo recebeu ordem de prisão e foi afastado do cargo. Feita a adesão, começava ali a ocupação do Palácio do Aço e a revolta dos marinheiros.

A tensão aumentou no dia seguinte, quando o prédio do Sindicato dos Metalúrgicos foi cercado por 500 soldados. Enquanto aguardavam ordens para invadir e efetuar as prisões, o presidente João Goulart interveio e proibiu qualquer movimentação. E foi além: através de seu ministro do Trabalho, Amauri Silva, fechou um acordo direto com os marinheiros para desmobilizar a ocupação. O combinado era que sairiam dali e se apresentariam ao I Batalhão de Guardas do Exército em São Cristóvão, como garantia de que não sofreriam nenhum tipo de represália dos oficiais da Marinha.

Desmoralizado, o almirante Sílvio Mota deixou o cargo de ministro da Marinha e engrossou o coro dos oficiais descontentes com o presidente João Goulart.

Rio de Janeiro, 26 de março de 1964. Fotógrafo desconhecido. Fundo Correio da Manhã / Arquivo Nacional

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