E.M. GONÇALVES DIAS

Em 1870, após o fim da Guerra do Paraguai, comerciantes da Corte decidiram homenagear D. Pedro II com uma estátua. O imperador, porém, recusou a homenagem e sugeriu que os recursos fossem destinados à construção de escolas públicas. Assim nasceu a Escola São Cristóvão, inaugurada em 1872, que mais tarde recebeu o nome de Escola Municipal Gonçalves Dias.

Localizada no Campo de São Cristóvão, a nossa escola foi a segunda escola pública da cidade a ser concluída, ao custo de 90 contos de réis. A primeira, entregue dois meses antes, foi a Escola São Sebastião, que foi demolida em 1938 durante a construção da Avenida Presidente Vargas. A Gonçalves Dias é considerada um marco na história da educação pública do Rio de Janeiro, sendo um dos primeiros prédios construídos especificamente para o ensino público na cidade. Antes disso, as escolas funcionavam em salas adaptadas em prédios privados.

Em 1990, o prédio foi tombado pelo município, reconhecendo seu valor histórico e arquitetônico. Atualmente, a escola atende cerca de 550 alunos do Ensino Fundamental e da Educação de Jovens e Adultos (EJA), mantendo viva a tradição de excelência e compromisso com a educação pública de qualidade.

Opinião de quem vive essa história todos os dias:
Estudar na Escola Municipal Gonçalves Dias é uma experiência incrível. Saber que fazemos parte de uma história tão rica e antiga dá muito orgulho! É inspirador caminhar pelos corredores e pensar em quantas gerações já passaram por aqui. Como aluna do 9° ano e integrante do Grêmio Estudantil, me sinto honrada em representar os estudantes de uma escola tão prestigiada. Aqui, a gente aprende muito mais do que o conteúdo das aulas — a gente aprende a valorizar a nossa cultura, a nossa história e a importância da educação pública de qualidade. Estar na Gonçalves Dias é algo memorável para mim!
— Beatriz Alves Medeiros, 9° ano / Grêmio Estudantil (Clube XIX).

Como já foi dito a Escola Municipal Gonçalves Dias, no Rio de Janeiro, tem uma história bem antiga. Ela começou lá em 1840, num momento em que o Brasil ainda estava mudando do Império para República, e algumas pessoas queria levar a educação para a população. A escola teve apoio até do imperador Pedro II e de outras figuras importantes da época. Com o tempo, ela foi se modernizando e virou parte da rede república. Um destaque legal foi em 1932, quando o famoso maestro Heitor Villa-Lobos trouxe um projeto de música para a escola, ensinando as crianças a cantar em coral. Em 1943, ele até montou um centro de música lá, com apresentações que rolavam todo ano. Hoje, a escola é reconhecida como um patrimônio histórico do Rio, graças a um decreto de 1990 que protege a sua história. De 1879 para sempre!
— Ana Mabelly Rodrigues Clemente, 9° ano / Grêmio Estudantil (Clube XIX).

CENTRO DE REFERÊNCIA DA EDUCAÇÃO PÚBLICA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO:

Não podemos também deixar de falar a respeito da história, como ganhou origem e etc.
Além da Gonçalves Dias, outras unidades de ensino público também deixaram um legado fundamental na educação brasileira. Como, por exemplo: Escola Municipal Luiz Delfino, antes chamada de “Escola de Nossa Senhora da Conceição”. Essa escola era frequentada por filhos de escravizados e pessoas sem posses, ela se localizava no chamado Beco do Buraco, hoje chamado de Rua Duque Estrada. O imóvel atual foi entregue em 13 de dezembro de 1874, em terreno doado à municipalidade pelo Sr. Antônio Francisco de Faria, também integravam a comissão o Sr. Antônio Martins Lage e Domingos Xavier da Silva Braga, que foram beneficiados com a Comenda da Ordem da Rosa por “prestação de serviços relevantes à instrução.

A Escola Municipal Luiz Delfino é importante pois revela o papel da educação informal no
combate ao analfabetismo e na produção da igualdade Social, além de apresentar a rota de
um ex-escravizado que se tornou um educador.
Infelizmente, essa escola havia sido criada há mais de 100 anos, tempo em que a
escravidão no Brasil ainda estava presente. Por isso, a escola não recebeu o nome do
homem que a fundou.

Agora falando do Colégio Estadual Amaro Cavalcanti, essa escola foi construída na Praça
Duque de Caxias, atualmente chamada de Largo do Machado. Foi inaugurada em 10 de
abril de 1875.

Em fevereiro, dia 16 de 1963, pelo Decreto 1522, a Escola passou a se chamar Colégio Estadual Amaro Cavalcanti Soares de Brito, que foi Prefeito da Cidade do Rio de Janeiro, quando esta ainda era Distrito Federal, de 15 de janeiro de 1917 a 15 de novembro de 1918.

Mais uma das escolas do Imperador é a Escola da Freguesia de São José Palácio Pedro
Ernesto. Inaugurada em 7 de setembro de 1874, com recursos conquistados por subscrição
pública, promovida pela Câmara Municipal. Carlos Sarthou, em sua obra “Relíquias da
Cidade do Rio de Janeiro”, anuncia que o próprio imperador abriu a subscrição com cinco
contos de réis e a Imperatriz, D. Tereza Cristina, participou com um conto de réis.

A área escolhida para a construção da Escola, pertencia ao Convento de Nossa senhora da Ajuda, na esquina formada pelo Largo da Mãe do Bispo e a Rua dos Barbonos, atual encontro entre a Praça Floriano e a Rua Evaristo da Veiga.

O monumento foi construído em estilo neogótico manuelino (a forma de arquitetura revivalista que combina elementos do estilo gótico), o edifício era dividido em três corpos principais. O corpo central era formado por uma sala quadrada, de 17,6 m de lado, para o cerimonial da missa e a explicação do Evangelho e nos dois corpos laterais do edifício, existiam duas salas para aulas, de 6,6 m de largura e 22 m de comprimento, e, com capacidade para 300 alunos em cada uma.

Em 1896, a Escola foi extinta, passou a funcionar no edifício o Concelho Municipal. Em 1920, o prédio foi demolido e no terreno foi construída a Câmara Municipal, atual Palácio Pedro Ernesto.
Todas essas escolas, sem exceção, deixaram um legado de arquitetura, educação e inclusão social.
— Laryssa Vitória M. Fraga, 9° ano / Grêmio Estudantil (Clube XIX).

Após o Imperador ordenar que, invés de construíssem uma estátua em sua homenagem, fizessem algumas escolas, dedicados ao ensino geral, essas instituições ficaram conhecidas como “Escolas do Imperador”.
Entre as “Escolas do Imperador”, está a Escola Municipal Rivadávia Corrêa, inaugarada em 1877 e originalmente chamada de Escolas Primárias da Freguesia de Sant’Anna. O edifício foi projetado pelo engenheiro Pereira Passos (futuro prefeito da Cidade do Rio de Janeiro, 25 anos depois) e tinha como objetivo educar meninos e meninas. No final dos anos de 1920, a instituição recebeu um anexo de cinco andares, mas não possuía sintonia arquitetônica com a primeira.

Outra escola de destaque foi a Escola Municipal Luiz Delfino, que possuí uma história bastante peculiar. Zé índio, um ex-escravizado que aprendeu a ler e escrever, fundou, no ano de 1861, uma escola dedicada em ensinar “a cartilha e as matemáticas” aos filhos dos cativos da fazendo família Pereira da Silva. Quando Zé Índio faleceu em 1870, as classes dessa escola já funcionavam no atual endereço da instituição.

Porém, o prédio, hoje tombado, só iria ser construído em 1874, tendo sido entregue à Irmandade Nossa Senhora da Conceição. Em 1922, a escola passou a ser chamada de Luiz Delfino, em homenagem ao então médico e Senador da República. Após o Advento da República, temas como universalização dos direitos, acesso à educação, formação da mão de obra, adoção de hábitos higiênicos, civilidade e muitos outros entraram em debate no país. O anseio da República era apagar o atraso do passado colonial. O Brasil estava entre os maiores países com taxas de analfabetismo, e a construção de prédios monumentais para abrigar escolas era simbólico, relembrando para o mundo que o sistema de ensino brasileiro deveria ser cumprido dentro do projeto republicano.

Muitas escolas, olhando de um ponto de vista arquitetônico, foram inspiradas em escolas de estilos europeus, com janelas triangulares e para-peitos. Esta decisão foi tomada como uma tentativa de relembrar os rumos civilizatórios que o país deveria tomar: motivos renascentistas, como o zelo pelo avanço científico, estilo góticos, com cores mais escuras e edifícios altos, neoclássicos, um movimento artístico que busca, por meio de pinturas e escritos, superar o passado, e as novas estéticas do Velho Continente, como a art nouveau, um estilo muito aclamado entre 1890 até 1920, com cores pastéis e edifícios mais “ovais”, acabavam se misturando e compondo um estilo eclético.

A Escola Municipal Evangelina Duarte Batista (5° CRE), inaugarada para abrigar os filhos de trabalhadores da Vila Operária de Marechal Hermes, é um exemplo de arquitura eclética. Na década seguinte, uma busca por identidade nacional começou a entrar na ordem do dia do país. A Diretoria de Instrução Pública do Distrito Federal passou a implementar, a partir de 1926, uma política nacionalista que buscava valorizar o passado luso-brasileiro, que possuí fortes influências hispânicas. As novas escolas públicas, aonde grande maioria eram construídas em bairros populares, receberam uma nova arquitetura: varandas, arcos e mapas azulejos, ornados com desenhos de indígenas e com outros elementos da flora e da fauna brasileira. A Escola Municipal Estados Unidos (1° CRE), no Catumbi, fundada em 1930, é um forte exemplo dessa fase arquitetônica.
— João Vitor Pires Troly, 9° ano

Coama Hemetério: uma educadora memorável
Coema Hemetério dos Santos Pacheco foi uma mulher negra, professora que trabalhou na Gonçalves Dias no início do século XX. Coema, que também é um nome de origem indígena, que significa “O início da manhã”, é um símbolo muito importante, já que trabalhou em uma escola mesmo depois da abolição da escravidão.
A educadora nasceu no dia 30 de outubro de 1888, 5 meses depois da assinatura da lei áurea, que tornou a escravidão algo ilegal. Era filha de Rufina faz, que também era professora e diretora de escolas públicas, e de Hemetério Jose dos santos, que também trabalhou na área da educação e escreveu jornais, sendo bastante conhecido na época em que viveu.
Coema se formou entre os anos 1904 e 1908, na escola onde seu pai era professor de língua portuguesa. Em sua vida escolar, Coema frequentava disciplinas de francês, português aritmética, geografia, caligrafia, música, ginástica, trabalhos de agulha e trabalhos manuais.
Ela começou como professora em 1908, na escola Gonçalves Dias, que pelos dias de hoje, é a escola mais antiga do Rio de janeiro, na época era Escola modelo e de aplicação, já que muitos normalistas faziam a fase de estagiário para concluir a formação. Junto com seu pai, Hemetério José, Coema escreveu artigos sobre língua portuguesa na imprensa pedagógica, tendo assinado a autoria de algumas publicações. De acordo com as pesquisas da autora Luara dos Santos Silva, Coema fez o exercício do magistério até o começo dos anos 1960, tendo mais de 70 anos. A vida de Coema marcou a trajetória de uma família negra estudiosa de “classe média”, ligada a educação e ao valor que a educação pública tinha naquela época.
—Sophia Mendes Ribeiro, 9° ano

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