Museu Bispo do Rosário
Turmas: 1002 e 2002
Alunos: Adryan Antônio da Silva e Eduarda da Silva
Os alunos elaboraram um poema inspirado no Museu Bispo do Rosário – Arte Contemporânea, localizado no interior da histórica Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá. O espaço, que ao longo de sua trajetória recebeu diferentes nomes, passou a homenagear oficialmente, desde o ano 2000, aquele que foi seu importante artista: Arthur Bispo do Rosário.
A história de Arthur Bispo do Rosário é, por si só, uma poderosa reflexão sobre os mecanismos de exclusão social ainda presentes em nossa sociedade. Homem negro, pobre e que passou grande parte de sua vida recluso em um manicômio. Na condição de “louco” e “asilado”, ele enfrentou as marcas do preconceito e da marginalização e, mesmo sob essas circunstâncias, produziu uma obra artística ímpar. Confira abaixo o poema:
Museu de gritos
Bispo do Rosário, mestre do não dito
Costurou com os dedos o próprio grito
Num mundo que cala quem pensa demais
Ele falava com linhas, tecidos e sinais
Era arte no fio, era dor no papel
Era loucura virando pincel
Fez do hospício um museu sem igual
Onde o silêncio era grito espiritual
Chamaram de louco, fecharam a porta
Mas sua obra ficou – viva e torta
Não coube no mundo, pequeno demais
Então criou um universo pra ir muito mais
Não era doente, era só diferente
Itenso, profundo, sensível, presente
Viu o que muitos fingem não enxergar
fez do abandono um altar pra sonhar
Lá onde a rua tem voz e raiz
Ele bordou um Brasil que ninguém quis
Um Brasil de ferida, fé e cicatriz
Que grita nas telas o que a alma diz
Hoje o chamam de gênio, de inspiração
Mas na época deram só solidão
A história ignora até doer
E depois que morre, começa a entender
No Museu vive a memória que pulsa
Em cada canto a verdade repulsa
Não é só arte, é redenção
É grito, é sangue, é libertação
Porque há beleza no que foi esquecido
E há verdade no que foi reprimido
E quem para pra sentir de verdade
Sabe: ali habita mais que saudade
Com agulha de dor e um traço bendito
É a história de um homem costurando o infinito