Praias e Costões oceânicos

Agora sim, do Leme ao Pontal e um pouco mais a oeste, o litoral oceânico do município supera qualquer paisagem ao redor do globo. Realmente são as paisagens litorâneas mais emblemáticas do mundo, marcadas pela interação entre o relevo escarpado dos maciços costeiros, as restingas, o mar aberto e uma pulsante metrópole encrustada em seus vales, encostas e planícies. Essa borda atlântica se estende desde a praia do Leme, na zona sul, até a praia de Grumari, na zona oeste, revelando uma sucessão de enseadas, costões rochosos e extensos trechos arenosos que variam entre ambientes urbanos densamente ocupados e áreas ainda relativamente preservadas.

Praia de Copacabana

Praia de Ipanema

O litoral atlântico do município do Rio de Janeiro revela uma costa marcada pela intensa interação entre as formações rochosas do embasamento cristalino — como gnaisses e granitos do Maciço da Tijuca e da Pedra Branca — e os processos marinhos que moldam praias, enseadas e costões. Essa configuração geológica dá origem a uma sucessão de trechos retilíneos, intercalados por promontórios e falésias vivas, que direcionam a linha de costa e favorecem a formação de praias de mar aberto com diferentes níveis de energia das ondas. As faixas arenosas, formadas principalmente por sedimentos quartzozos transportados por correntes litorâneas, repousam sobre depósitos recentes, enquanto os costões rochosos apresentam substrato firme e fundo marinho íngreme. Esse contraste geomorfológico cria uma variedade de morfologias costeiras — de praias extensas a enseadas pequenas e encaixadas.

Costão do Secreto, entre as praias da Macumba e Prainha

Entre os cartões postais mais famosos, destacam-se as praias de Copacabana, Ipanema e Leblon, moldadas entre o mar aberto e os promontórios do Maciço da Tijuca. Essas praias possuem larga faixa de areia, ondulação moderada a forte, e são protegidas lateralmente por costões como a Pedra do Leme, a Pedra do Arpoador e o sopé do Morro dos Dois Irmãos, sob o mirante do Leblon. São praias de intensa vida urbana e cultural, palco de grandes eventos, esportes e turismo, integrando de maneira singular a paisagem natural e a cidade construída.

A pequena praia do Vidigal e a Praia da Gávea no Bairro de São Conrado, são curtas e exibem íngremes encostas chegando ao mar e espremendo a língua de areia dessas praias em desníveis de relevo elevados a mais de 500m de altitude em poucas dezenas de metros de distância da linha de costa. Como a Pedra da Gávea não existe outra feição semelhante capaz de erguer-se do nível do mar na Praia da Joatinga aos mais de 800m de altitude em uma parede quase vertical. Após essa, uma extensa língua de areia constrói a ilha barreira que separa o mar das lagunas de Marapendi e chico Mendes nos bairros da Barra da Tijuca até o Recreio dos Bandeirantes. O arco de praia, que se estende por cerca de 14 km, é interrompido pelo tômbolo do Pontal do Recreio e volta a se apoiar em outro promontório da conhecida Praia da Macumba, onde alguns granitos do embasamento do Maciço da Pedra Branca lançam-se a beira mar. 

Praia da Barra da Tijuca, com o perfil do Maciço da Tijuca ao fundo

Praia do Recreio dos Bandeirantes com o Pontal de Sernambetiba

Daí para oeste, uma sequência de praias protegidas por unidades de conservação encanta a visão com feições que remontam a paisagem original do Rio de Janeiro. As formações rochosas afloram em escarpas diretamente sobre o oceano, moldando pequenas enseadas de difícil acesso, mar revolto e alta beleza cênica. Essas praias integram áreas de proteção ambiental e mantêm características naturais que contrastam com o litoral urbanizado das zonas sul e da Barra. Prainha, Grumari e as Praias Selvagens: Inferno, Funda, do Meio, Perigoso e Búzios se estendem entre as pontas do promontório da Serra de Guaratiba. Destaque para a Pedra do Telégrafo que sobre essas praias garante um mirante de exuberante vista da orla carioca. 

Praia do Meio e Praia do Perigoso, dentre as chamadas Praias Selvagens na ponta da Serra de Guaratiba, quando toca o mar.

Essa região apresenta praias de mar aberto, com grande energia de ondas, muito procuradas por surfistas, e faixas dunas e restingas que ainda resistem à urbanização acelerada. A presença de costões rochosos, compostos por rochas cristalinas antigas como gnaisses e granitos, confere estabilidade à linha de costa e influencia na formação de enseadas e nas variações do traçado litorâneo. São áreas de alta biodiversidade marinha e terrestre, funcionando como corredores ecológicos e refúgios paisagísticos diante do avanço urbano.

Afloramentos nos costões que separam as “praias selvagens” na Ponta de Guaratiba

Historicamente, a ocupação da orla atlântica se deu de forma desigual: enquanto as praias de Copacabana, Ipanema e Leblon foram precocemente urbanizadas, associando-se à imagem turística global da cidade, outras regiões, como Grumari e Prainha, mantiveram-se mais preservadas, graças à proteção ambiental e ao relevo acidentado que dificultou a ocupação. A construção de grandes avenidas costeiras, como a Vieira Souto, Atlântica e a Avenida Lúcio Costa, acelerou a urbanização de parte desse litoral, ao passo que áreas de restinga e costões ainda resistem como fragmentos ecológicos. O uso intensivo da orla para lazer, esporte e habitação convive com pressões ambientais, como a erosão costeira, a impermeabilização do solo e a poluição marinha, exigindo ações integradas de preservação, manejo e revalorização dos processos naturais que sustentam a paisagem litorânea do Rio de Janeiro. Esse litoral atlântico carioca, em sua variedade e beleza, articula diferentes tempos e formas da cidade: o espaço do lazer e do espetáculo global nas praias centrais; a expansão urbana e balneária da Barra; e os fragmentos de natureza exuberante que resistem nas franjas mais distantes da costa. É uma geografia costeira viva, onde a serra encontra o mar em um permanente diálogo entre pedra, areia e água.

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