Theatro Municipal
Por volta de 1894, o dramaturgo Arthur Azevedo — maior incentivador da consolidação do teatro nacional — preocupado em fazer com que essas atividades fossem associadas ao processo de modernização do fim do século XIX, iniciou uma campanha para que se construísse um teatro digno da capital do Brasil e que pudesse ser sede da primeira companhia teatral brasileira, nos moldes da Comédie Française. Porém, nem a campanha nem a posterior lei municipal de 1895, criada com o fim de arrecadar fundos para a construção do teatro, deram certo. Apenas em 1903, durante a gestão do prefeito Pereira Passos é que o projeto de um novo teatro tomou corpo.
Um concurso foi realizado, a fim de aprovar a melhor proposta para a construção do teatro. Das sete propostas apresentadas, os projetos Áquilla, do engenheiro Francisco de Oliveira Passos, filho de Pereira Passos, e Isadora, do arquiteto francês Albert Guilbert, empataram em primeiro lugar. A solução política encontrada foi fundir os dois projetos em um só, já que ambos utilizavam como base a tipologia da Opéra de Paris.
Theatro Municipal em construção. Augusto Malta, 1907. Instituto Moreira Salles.
A construção do Theatro Municipal começou em 1905 e a obra foi considerada a mais avançada da reforma urbana. Para a decoração do interior, foram mobilizados os principais artistas da cidade, como Eliseu Visconti — criador dos panos de boca do palco e das pinturas do teto —, Rodolfo Amoedo e os irmãos Bernardelli, responsáveis pelas pinturas e esculturas. Os vitrais e mosaicos foram criados por artesãos europeus. Ao todo, 280 operários trabalharam em dois turnos durante quatro anos, ininterruptamente.
Fachada do Theatro Municipal. Augusto Malta, c.1910. Instituto Moreira Salles.
Com capacidade para 1.739 espectadores, o grande teatro carioca foi inaugurado em 14 de julho de 1909, com a presença do então presidente da República Nilo Peçanha e de Francisco de Souza Aguiar, prefeito da cidade. O restaurante Assirius, com decoração em estilo assírio, deu o tom de vanguardismo. As fachadas chamavam atenção pela combinação de elementos clássicos e barrocos e pela cúpula de bronze e vidro.
Foto: Reprodução
O discurso de abertura da inauguração foi realizado por Olavo Bilac. A Companhia Dramática criada por Arthur Azevedo encenou a peça “Bonança”, de Coelho Neto, mas o idealizador morreu antes de ver a obra finalizada. Além de receber espetáculos, o próprio Theatro Municipal se tornou um espetáculo em si e foi acrescentado aos ícones da Reforma Passos.
Foto: Reprodução