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Atuação do IPES: centro da conspiração político-militar

Anna Carolina Viana

No dia 8 de abril, um grupo seleto de empresários e militares se reunia no 27º andar do Edifício Avenida Central, na Avenida Rio Branco. Era a sede do IPES – o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais. O encontro tinha alguns objetivos centrais. O primeiro deles era confirmar o apoio da liderança do IPES ao general Humberto Castello Branco, cotado para assumir a presidência da República. Tal alinhamento não era uma surpresa, afinal vários dos principais membros do Instituto haviam conspirado ao lado do general: Golbery do Couto e Silva, Ernesto Geisel e Adhemar de Queiroz. Para além dessa pauta, também foram debatidas na reunião as diretrizes econômicas e políticas para a administração federal e possíveis nomes para cargos relevantes no novo governo.

A participação do IPES nas maquinações do golpe não era, entretanto, novidade: desde a sua criação, em 1961, o Instituto possuía uma agenda de reorganização do Estado a partir das necessidades de grandes grupos industriais, financeiros e empresariais – tudo isso alinhado com os interesses internacionais. No ambiente político de radicalização e incerteza que tomou conta do Brasil desde o início da década de 1960, a atuação do IPES foi estratégica e pavimentou a queda de Jango com propagandas eficientes, apelativas e com forte retórica anticomunista. Assim, o Instituto incentivou a oposição ao então governo e defendeu a necessidade da sua derrubada. 

A vitória do golpe confirmou a agenda do IPES, que seguiu atuando: interveio na estrutura de planejamento, na política econômica, nos principais órgãos e no controle de coleta de informações do novo governo. Nessa última área, o interesse foi tanto que levou à criação, em junho de 1964, do Serviço Nacional de Informações (SNI), comandado pelo general Golbery do Couto e Silva.

Panfleto institucional “O que é o IPES”. 1962. Autor desconhecido. Acervo: Fundo IPES/Arquivo Nacional.

Interior do panfleto institucional “O que é o IPES”. 1962. Autor desconhecido. Acervo: Fundo IPES/Arquivo Nacional.

Vídeo institucional do IPES. Autor desconhecido. 1962. Acervo: Fundo IPES/Arquivo Nacional.

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