A Light sempre deu importância e incentivo às práticas esportivas na empresa, começando pelo tênis, do qual foi grande incentivadora. Muitos outros esportes, desde os mais elitistas como o golfe, o iatismo e o beisebol, até os mais populares como o basquete e o próprio futebol, encontraram na empresa ambiente favorável à sua prática. Além dos administradores e engenheiros estrangeiros, os próprios funcionários brasileiros se organizaram em múltiplas associações e clubes que fomentavam tais práticas no Rio de Janeiro, desde a primeira década do século XX. Vale lembrar que a partir da Copa do Mundo de 1962, as instalações do Hotel Paineiras (que pertenceu à Light de 1906 até 1970) foram utilizadas para a concentração da seleção brasileira, o que perdurou até a Copa de 1974. Botafogo, Vasco e Fluminense também usaram aquelas instalações, no passado. Em 1958, quando a seleção brasileira de futebol conquistou o seu primeiro campeonato mundial, a Light produziu uma de suas célebres vitrines, no edifício sede da empresa à avenida Marechal Floriano, para saudar “os campeões invictos.” A réplica da taça Jules Rimet era o destaque, e o escudo da antiga C.B.D. (Confederação Brasileira de Desportos, 1914-1979) serviu de fundo, com suas duas cruzes conferindo dinâmica à pequena jóia, no topo de extenso pódio de sete posições.
Quem não se lembra, em tempos idos, de aturar uma reclamação constante no ambiente familiar quando deixávamos uma luz acesa? Os pais ou responsáveis diziam “apaga a luz porque não sou sócio da Light!” Pois a Light era uma empresa com ações negociadas na Bolsa de Valores que muito zelava pelas suas políticas de participação acionária. Publicava anualmente um cuidadoso relatório impresso e fartamente distribuído. Na “Carta do presidente aos acionistas sobre as atividades da companhia em 1970”, o ano do tri-campeonato de futebol conquistado pela seleção brasileira, o teor é de muito otimismo com os resultados da economia do país e da empresa. Já eram mais de três milhões de consumidores, o consumo global de energia era crescente, o sistema em expansão. “Ao final do ano, a Companhia contava com mais de 150.000 acionistas, dos quais cerca de 9.800 eram empregados seus. [...] É de citar, nesse sentido, o pagamento semestral de dividendos, instituído durante o exercício.” As campanhas publicitárias eram diretas: “Seja sócio da Light”; “Veja a conta da Light com outros olhos; olhos de acionista”; “A Light já vendeu 14 milhões de ações em apenas 5 dias para 26 mil brasileiros.” O diretor-presidente Antônio Gallotti, muitíssimo bem entrosado no contexto político de então, não perdeu a oportunidade de realizar uma inventiva ação de marketing: a entrega de dez mil ações da Light a cada um dos tri-campeões. A seguir, algumas das fotografias que registram o ato da entrega aos jogadores que atuavam na cidade do Rio de Janeiro, feita por ex-atletas que eram funcionários da empresa.