A Estrada de Ferro, Bonsucesso e os subúrbios da Leopoldina
Na segunda metade do século XIX, a região ao norte da Corte imperial foi rasgada pelas estradas de ferro Central do Brasil, Rio do Ouro e, mais próximo do que hoje é a Maré, a Estrada de Ferro da Leopoldina.
Inaugurada em 1874, no estado de Minas Gerais, a Estrada de Ferro da Leopoldina se expandiu gradativamente até chegar ao porto do Rio nos últimos anos do século XIX, passando a ligar a então capital ao interior do país. Por seus trilhos, além das cargas de café, açúcar e demais produtos do interior, chegaram muitas pessoas com o propósito de estabelecer moradia no Rio de Janeiro.
Com o aumento da população, o Rio tornou-se apertado e sufocante. As elites econômicas iniciam um processo de abandono da região central e povoamento da distante zona sul. As camadas médias começam a estabelecer moradia próximo às estações ferroviárias como a Leopoldina. Surgem, assim, os bairros de Bonsucesso, Olaria, Brás de Pina, Penha, entre outros.
Os impactos da estrada de ferro foram tão profundos que a própria região passou a ficar conhecida, no século XX, como “subúrbio da Leopoldina”. Linhas de trem e bonde, estradas e fábricas conviviam com aldeias de pescadores às margens da baía, dando um tom bucólico à paisagem a poucos quilômetros do centro da cidade.
O “aburguesamento” do centro, com elegantes bulevares, edifícios cada vez mais altos, cafés e equipamentos culturais fez com que ele se tornasse cada vez mais comercial. A expansão capitalista e a modernização industrial demandaram um porto maior, com maior profundidade, ligado a trilhos e operado por guindastes, tornando obsoletos e superados os pequenos portos de trapiches e trabalho manual instalados por toda a Baía de Guanabara.