Biblioteca Nacional

A Biblioteca Nacional é um dos principais ícones da modernização experimentada pela cidade no século passado. A base do seu acervo foi a Biblioteca da Ajuda de Lisboa, criada no reinado de D. José I, após o incêndio e destruição da Real Livraria, pelo terremoto que atingiu a cidade portuguesa em 1755. O acervo da Biblioteca da Ajuda acompanhou a vinda da família real para o Brasil em 1808: inicialmente, chegaram cerca de 60 mil peças — entre livros, manuscritos, mapas e demais itens — e, em junho e novembro de 1811, mais dois lotes de livros chegaram para compor a coleção.

Vista do prédio em que funcionou a Biblioteca Nacional na rua do Carmo, S/D. Autor desconhecido. Rio de Janeiro, RJ – Brasiliana Fotográfica/Biblioteca Nacional.

No princípio, a biblioteca ocupou o Hospital da Ordem Terceira do Carmo, próximo ao Paço Imperial. As limitações do lugar aceleraram as mudanças, por colocarem em risco livros e documentos. O decreto real de 29 de outubro de 1810 determinava que o acervo fosse transferido para as antigas catacumbas dos religiosos do Carmo, e essa é considerada a data de fundação da então chamada Biblioteca Real.

O acervo permaneceu na cidade mesmo depois da volta de D. João VI para Portugal e, após a Independência, passou a ser denominada Biblioteca Imperial e Pública. em 1825, tornou-se propriedade do Estado do Brasil, sendo adquirida por 800 contos de réis, valor considerado exorbitante para a época. Em 1858, a biblioteca foi transferida para a rua do Passeio, número 60, no Largo da Lapa, no prédio onde hoje está a Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 

Antigo Prédio da Biblioteca Nacional na rua do Passeio. Autor desconhecido. 1916 [?]. Rio de Janeiro, RJ – Brasiliana Fotográfica/Biblioteca Nacional.

Foi apenas em 1876 que passou a ser oficialmente Biblioteca Nacional, ano em que também foi lançada a publicação periódica “Anais da Biblioteca Nacional”, que existe até hoje e divulga documentos raros e curiosidades. 

Biblioteca Nacional: prédio nos 213 a 231. Marc Ferrez, 1910[?]. Rio de Janeiro, RJ – Brasiliana Fotográfica/Biblioteca Nacional

A modernização da cidade no início do século XX incluiu no cenário civilizatório o elemento cultural, e a Biblioteca Nacional seria o ícone a representar a cultura e a erudição brasileiras. Com a abertura da avenida Central, ela foi transferida para o local que ocupa atualmente. A pedra fundamental foi colocada no dia 15 de agosto de 1905 e a inauguração aconteceu cem anos após a fundação da biblioteca, em 1910. O projeto é do engenheiro Francisco Marcelino de Souza Aguiar, em estilo eclético, combinando elementos neoclássicos, art nouveau e Império, esse último indicado pelas fachadas e escadas de acesso. O interior foi decorado em conjunto por Eliseu Visconti, irmãos Bernadelli, Modesto Brocos e Rodolfo Amoedo.

Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, janeiro de 1938. Arquivo Nacional. Fundo Correio da Manhã.

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