Poliomielite e a campanha nacional de vacinação infantil

“Canão foi tão bom” – Intérpretes: Sabotage; Lakers; DBS; Daniel Ganjaman; Negra Li;
Compositores: Sabotage; Lakers; DBS; Daniel Ganjaman – 2016

A poliomielite, mais conhecida como paralisia infantil, é uma doença hoje erradicada no Brasil, mas que causou grandes perdas durante todo o século XX. O primeiro surto no país foi notificado no Rio de Janeiro, em 1911, pelo pediatra Fernandes Figueira. Depois, vieram mais dois: em 1939 e 1953.

A poliomielite é causada pelo vírus Poliovírus. Ocorre geralmente em crianças, mas pode atingir adultos também. A maior parte das infecções se dá através da boca, com material contaminado com fezes, como água ou alimentos. O contágio pode acontecer também de forma oral direta, através de gotículas expelidas ao falar, tossir ou espirrar. Em geral, a doença apresenta sintomas parecidos com os de outras doenças virais, respiratórias ou gastrointestinais. Em suas formas mais graves, pode levar à paralisia de membros e músculos, ocasionando sequelas e até a morte.

O ano de 1939, marcou a primeira grande epidemia de poliomielite na capital federal. O número de casos foi 6 vezes maior do que todo o registrado entre os anos de 1920 e 1938 e o número de óbitos chegou a mais de um terço dos falecimentos registrados naquele período. Apesar dos dados alarmantes, as autoridades locais lidaram de forma contraditória com a doença. Ao mesmo tempo em que tinham líderes buscando tranquilizar a população, descartando a ideia de epidemia, havia também aqueles que se preocupavam com a continuidade da vida escolar e aglomerações em geral das crianças.

Em 1953, ocorreu o maior surto de todos. O governo federal passou, mais uma vez, por uma fase inicial de negação da gravidade da situação, garantindo que os casos existentes eram pontuais. Entretanto, o discurso teve pouco efeito prático, pois a população já conseguia ver no seu cotidiano as consequências da doença. Cresceu assim a pressão sobre as autoridades por uma maior transparência acerca das medidas de contenção da doença. Baseado na profilaxia de outras enfermidades, foram adotadas práticas como a dedetização de casas e vigilância das fronteiras – que tinham mais o propósito de tranquilizar a população, já que  ainda não se tinha certeza da eficácia dessas medidas contra  a paralisia infantil.

Presidente Juscelino Kubitschek no Palácio do Catete em audiência com portador de poliomielite, 25/11/1957. Foto: Cruz. Arquivo Nacional

Na mesma década, houve um grande avanço nos estudos da doença e foram desenvolvidas duas vacinas contra a poliomielite: a Salk, 1955, e a Sabin, já com maior eficácia, em 1960, ambas estadunidenses. Apesar das vacinas estarem disponíveis, a população ainda resistia. Foi neste contexto que, em 1986, nasceu o personagem Zé Gotinha, representando o símbolo do compromisso assumido pelo país de erradicar a poliomielite até 1990. O personagem foi desenhado  pelo artista plástico Darlan Manoel Rosa e teve seu nome escolhido em concurso popular por alunos de escolas públicas de todo país. Sua forma remete à vacina Sabin, que é administrada por via oral. 

Zé Gotinha – Campanha Nacional de Vacinação contra Poliomielite

O personagem foi o protagonista da Campanha Nacional de Vacinação Contra a Poliomielite. Por conta do sucesso da campanha ele teve seu papel ampliado, tornando-se símbolo do atual Programa Nacional de Imunizações (PNI) – que abrange campanhas de controle de diversas doenças. A poliomielite é considerada uma doença erradicada no Brasil desde 1994, mas ainda é preciso continuar as práticas de vacinação. O número da cobertura vacinal no país vem diminuindo, o que preocupa os profissionais da saúde. 

Este texto foi elaborado pela pesquisadora Júlia Kern do Projeto República (UFMG).

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