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Rua do Bispo 87 – 16/07/1927 – Augusto Malta

“Tudo na vida é passageiro, menos o condutor e o motorneiro” era um ditado popular no século XIX. Primeiro, é importante esclarecer que o ‘condutor’ era, na verdade, conduzido pelo motorneiro – este, sim, o homem (porque desconhecemos qualquer motorneira, naqueles tempos) responsável por dirigir o bonde. Bonde que ia sobre trilhos, é fato. Mas os trilhos não dirigiam o bonde; a operação não era assim, tão simples; exigia preparo e concentração. Em 1927 a Light inaugurou o Hotel dos Condutores e Motorneiros, à rua do Bispo, no Rio Comprido, onde podiam pernoitar e alimentar-se aqueles trabalhadores que não tinham residência na cidade. A Light provia os serviços de lavanderia, alfaiate, barbearia e enfermaria. No local, até recentemente havia um campus da Universidade Estácio de Sá. Na casa à esquerda da imagem, funcionou a Casa de Cultura da Estácio.

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Rua do Bispo 87 - Hotel dos Condutores – 16/07/1927 – Augusto Malta

Vale a transcrição do trecho inicial da reportagem publicada na Revista Light de jan. 1928: “[...] A casa dos motorneiros que é a delícia dos condutores. Imagine-se quando aquilo for definitivo... Sim... Porque atualmente, é só por experiência que a Light mantém um hotel na rua do Bispo no 27, em Santa Alexandrina. E que canja o tal hotel, para um nobre cristão, que anda aí pelos desvios, comendo do ruim e do pior, sem arranjar colocação... Basta apresentar-se à Light que ela toma a si a incumbência de ensiná-lo. Ensina-o gratuitamente, a condutor. E olhem que já é alguma coisa o se aprender a conduzir os outros, quando muitas vezes já é um buraco para um cidadão se conduzir a si próprio.” Nesta fotografia, tirada dos fundos do hotel, a rua do Bispo está logo após as últimas construções do conjunto registrado. Na casa ao fundo, à direita, com telhado de quatro águas, hoje funciona a Casa de Portugal, na rua do Bispo.

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Rua do Bispo 87 – Alojamento do Acampamento - 16/07/1927 – Augusto Malta

“Enquanto o paciente se inicia nos segredos da manivela, como praticante, a Light dá-lhe hospedagem (casa, comida e roupa lavada), aboletando-o no grande dormitório, que se estende com uma capacidade para várias centenas de homens. É que percebendo cinco mil réis por dia, o aprendiz não pode ter comodidades acima dessa quantia. [...] Só depois de aprender a tratar com o público, com urbanidade e correção, cobrando o níquel com delicadeza e suavidade, é que ele entra para o rol do pessoal graúdo da Companhia.”

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Rua do Bispo 87 - Hotel dos Condutores – 17/07/1927 – Augusto Malta

“Começa, como condutor efetivo, a ganhar dez, doze mil réis por dia e, então, já tem direito de escolher quarto na casa, pois, além do dormitório comum, há peças especiais com duas, três ou quatro camas, onde o freguês se pode acomodar com a turma conhecida, para evitar a vizinhança dalgum roncador de pescoço curto...”

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Rua do Bispo 87 - Hotel dos Condutores – Augusto Malta

Na imagem, um aspecto do banheiro coletivo.

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Detalhe da fotografia Rua do Bispo 87 - Hotel dos Condutores – Augusto Malta

No detalhe da foto anterior, o cartaz afixado à parede logo acima do espelho diz: “A tuberculose propaga-se pelo escarro. [...] Não cuspa nem escarre no chão e nas paredes das casas. O escarro seca e reduz-se a poeira que penetra nos pulmões e no tubo digestivo e pega a doença. [...] Escarrar no chão é má ação. Cuspa na escarradeira, na latrina, no ralo de esgoto, na sarjeta. [...].” E mesmo considerando que hoje a tuberculose não é mais uma epidemia, ainda vemos cariocas fazendo feio por aí...

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Revista Light, Março de 1928.

Uma página da Revista da Light (ano I n. 2 março 1928), abordando a formação dos motorneiros – os ‘motoristas do bonde’ – na escola instalada à rua Visconde de Itaúna, na praça Onze – desaparecida, para dar lugar à avenida presidente Vargas. Lá, havia um ‘truck’ completo de bonde suspenso, possibilitando aos aprendizes simular a direção do carro. “Poucos sabem no Rio de Janeiro o trabalho que a Companhia tem para preparar os motorneiros que, em número superior a 1.000, dirigem os bondes em todo o Distrito Federal. [...] E dizer que esta gente ganha dinheiro enquanto aprende e tem o hotel da Rua do Bispo às suas ordens!”

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