Lucas Garanbini

No dia 31 de março de 1964, o General Olympio Mourão Filho, comandante da 4ª Região Militar, sediada em Juiz de Fora, decidiu queimar a largada do golpe e marchou com suas tropas rumo ao Rio de Janeiro. O plano era um ataque surpresa para tomar de assalto o Ministério da Guerra, driblando o dispositivo militar do presidente João Goulart e acelerando sua deposição.  Além dos militares leais ao presidente, cujo número e força de mobilização eram desconhecidos pelos golpistas, Mourão desafiou também os demais conspiradores – entre eles os governadores de Minas Gerais e São Paulo, que tinham outros planos e outra data para tomar uma iniciativa armada.

Assim que a notícia chegou à presidência, comandantes ainda fiéis a Jango ordenaram o envio de tropas que fossem de encontro ao general mineiro. Tudo jogo de cena, pois o que se viu a seguir foi uma série de debandadas. Aqueles que tinham ordens de conter as tropas de Mourão acabaram se juntando a elas. À medida que o general avançava sem resistência e ia ganhando adeptos pelo caminho, o alto comando militar articulava para pôr o que restava do plano em prática, pois o golpe, precipitado ou não, já estava em curso.  

No dia 2 de abril, Mourão e seus soldados chegaram à cidade do Rio de Janeiro, marcharam pela Avenida Brasil e foram recebidos pelo governador da Guanabara, Carlos Lacerda, que lhes cedeu o estádio do Maracanã como base de assentamento. Ali ficaram por cinco dias, como tropa de ocupação, até que o Golpe Militar fosse consumado.