Isabella Souza

Reunidas no auditório do Colégio Marista São José, na Tijuca, as senhoras cariocas organizaram a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, sob a coordenação de Dóris Pires Gonçalves. O evento estava programado para acontecer três dias depois, na Candelária. Dóris, esposa do General do Exército Leônidas Pires Gonçalves, contava com o apoio de políticos anticomunistas e de associações femininas, como a Campanha da Mulher pela Democracia (CAMDE), a Federação das Filhas de Maria do Rio de Janeiro e a Associação das Senhoras Brasileiras.

Durante a reunião no Colégio, as participantes receberam o deputado da UDN Danilo Nunes, que fez uma série de falas para acirrar os ânimos da plateia, reforçando a importância daquele movimento e alertando as mulheres sobre possíveis provocações comunistas, como boicotes no transporte público. As organizadoras da Marcha responderam com apelos ao Jornal do Brasil para que os donos de automóveis particulares cedessem lugares em seus veículos às pessoas sem transporte que estivessem a caminho da passeata, a fim de evitar possíveis ações de sabotagem.

As participantes foram instruídas a comparecer à Marcha com faixas, velas e fitas verdes e amarelas. Mais de 200 ônibus foram disponibilizados para que as senhoras da CAMDE chegassem sem transtorno à Candelária. Apelos às Senhoras, Mães e Esposas cariocas foram publicados em jornais do Rio de Janeiro, destacando o “perigo vermelho” e a importância da luta feminina para o expurgo do comunismo e da subversão.