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Deus e o Diabo na Terra do Sol é exibido pela primeira vez

Nayara Henriques

Foi uma sexta-feira 13 agitada na cidade do Rio de Janeiro. Enquanto a Central do Brasil era preparada para receber o Comício das Reformas, a poucos quilômetros dali, na Cinelândia, seria exibido pela primeira vez “Deus e o Diabo na Terra do Sol”. 

O filme narra a jornada do vaqueiro Manuel e sua esposa Rosa que fogem pelo sertão enquanto são perseguidos pelo caçador de recompensas Antônio das Mortes. Na fuga, eles começam se unindo aos devotos do beato Sebastião e terminam envolvidos com os cangaceiros liderados por Corisco. 

A primeira sessão do filme aconteceu no cinema Vitória e foi realizada apenas para alguns críticos e integrantes da equipe. Ao final, o diretor Glauber Rocha e seus amigos não pensaram duas vezes e saíram para engrossar a multidão que tomava conta da estação Central. 

No filme, as últimas palavras de Corisco são: “Mais fortes são os poderes do povo”. No comício, Jango soltou o verbo no microfone: “Hoje, com o alto testemunho da Nação e com a solidariedade do povo, reunido na praça que só ao povo pertence, o governo, que é também o povo e que também só ao povo pertence, reafirma os seus propósitos inabaláveis de lutar com todas as suas forças pela reforma da sociedade brasileira”. No mesmo dia, o filme seria indicado como um dos representantes brasileiros no Festival de Cannes. A indicação viria do Departamento Cultural do Itamaraty. 

Dali a 4 dias, em 17 de março, Glauber Rocha foi ovacionado em uma sessão para convidados no cinema Ópera: “é o filme mais importante do cinema brasileiro que conhecemos. Mas não é só isso: é também um documento importante da cinematografia moderna em todo o mundo, e uma impressionante revelação do talento de um realizador”, escreveu o jornalista Fernando Ferreira n’O Globo no dia seguinte.

Da esquerda para direita, a partir da cabeceira da mesa, em primeiro plano: Nelson Pereira dos Santos (camisa pólo); Ruy Guerra (de barba); Joaquim Pedro de Andrade; Walter Lima Jr. (de óculos, com um maço de cigarros na mão); Zelito Viana (de óculos com cigarro na mão); Luiz Carlos Barreto (com um maço de cigarros na mão); Glauber Rocha; Leon Hirszman. 1967 circa. Foto de David Drew Zingg. Instituto Moreira Salles

Coluna de Carlos Leonam sobre as primeiras exibições de Deus e o Diabo na Terra do Sol. 25 de março de 1964. Carlos Leonam. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, Caderno B, p.4. Biblioteca Nacional.

Matéria do Jornal do Brasil, sobre Deus e o diabo na terra do sol indicado para o Festival de Cannes. 14 de março de 1964. Hemeroteca Digital / Biblioteca Nacional

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