Seta para voltar à página anterior

Carlos Lacerda se entrincheira no Palácio Guanabara

31 de março de 1964

Danilo Araujo Marques

“Durante um dia e uma noite o Palácio da Guanabara e o Governador Carlos Lacerda foram nomes que representaram a resistência democrática na chamada ‘capital cultural e política’ do País. Ninguém pregou olho. As horas transcorreram em regime de sentinela bem acordada, até que a vitória se desenhasse no céu do Rio.” Foi assim que a edição extra da revista O Cruzeiro narrou a movimentação do governador da Guanabara naquele 31 de março. 

Desde que entrou para a vida pública, Carlos Lacerda sempre se mostrou afeito a performances. Quase 10 anos depois do atentado que acelerou a queda de Getúlio Vargas, agora era a vez de tentar a sorte com seu maior herdeiro político. Quando teve notícia de que tropas rebeldes desciam rumo à Guanabara, o governador não pensou duas vezes: tratou de dobrar a aposta no golpe e aumentou o volume da oposição a João Goulart. E para criar o clima de beligerância, pensou meticulosamente em todos os detalhes cênicos: mobilizou efetivos da Polícia Militar, mandou montar barricadas na frente da sede do governo e para lá seguiu com uma metralhadora de mão a tiracolo. Entrincheirou-se às 18h30. 

Em vigília, decretou feriado escolar, deu entrevistas e recebeu visitas. Rodeado de asseclas, disparou ataques contra desafetos políticos – devidamente amplificados pelos alto-falantes instalados no exterior do palácio; afinal, a pouco mais de 1 quilômetro encontrava-se o Palácio das Laranjeiras, residência oficial do presidente da República. Na manhã do dia seguinte, recebeu o Manifesto dos Generais como sinal de apoio. E, às 16h, foi a vez da adesão dos tanques do Exército que guardavam o Laranjeiras. “Deus está conosco!”, teria dito. E, diante da conclusão, acionou seu dispositivo de caça aos “subversivos” da Guanabara, formado por policiais civis, militares e grupos paramilitares. 

Soldados montam barricadas no Palácio Guanabara, sede do governo, em Laranjeiras. Revista O Cruzeiro (Extra), 10 de abril de 1964.  “Edição histórica da Revolução”. Hemeroteca Digital/Fundação Biblioteca Nacional.

Carlos Lacerda com metralhadora sobre a mesa no Palácio Guanabara. Rio de Janeiro, 1º de abril de 1964. Foto de Carlos Leonam. CPDoc JB.

Carlos Lacerda no interior do Palácio da Guanabara. Revista Fatos e Fotos. Ano IV. Brasília, DF, 4 de abril de 1964, nº 166. Acervo Projeto República UFMG.

Trecho do discurso de Carlos Lacerda contra o almirante Cândido da Costa Aragão. Acervo Projeto República UFMG.

Patrocínios

Logo da Lei de Incentivo à CulturaLogo NorsulLogo Btg PactualLogo Kasznar LeonardosLogo Adam CapitalLogo Rio PrefeituraLogo Secretaria de Cultura e Economia Criativa

Parceiros

Logo PUC RioLogo Projeto República UFMGLogo MobcomLogo Museu de Arte Moderna Rio de Janeiro

Realização

Logo Rio MemóriasLogo Baluarte CulturaLogo MINC Governo Federal
Pular para o conteúdo