Real Gabinete Português de Leitura

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O Real Gabinete Português de Leitura é um dos mais importantes símbolos da presença portuguesa no Rio de Janeiro e, certamente, o maior acervo de obras literárias de autores portugueses fora de Portugal. Fundado em 14 de maio de 1837 por um grupo de 43 imigrantes portugueses, o Gabinete teve como principal objetivo criar um espaço de leitura e de difusão cultural para a comunidade lusitana na então capital do Império do Brasil. Era uma forma desses imigrantes manterem vivas suas tradições culturais e literárias em território brasileiro.

ABL/Reprodução

Como um marco cultural na cidade, logo o Gabinete se tornou um ponto de convergência para as elites intelectuais de várias épocas. Prova disso é a realização de algumas sessões solenes da Academia Brasileira de Letras em seu espaço (antes de ela ter sede própria) e a frequência à sua biblioteca de escritores como Machado de Assis, João do Rio e Manuel Bandeira, entre outros.

Fundado na rua Direita (atual Primeiro de Março), ocupou depois espaços na rua de São Pedro, na rua da Quitanda e na Rua dos Beneditinos. Mas o incessante aumento do número de livros – cerca de 40 mil em fins de 1870 – logo evidenciou a necessidade de uma sede maior e adequada ao seu fim. Tendo já adquirido terrenos na antiga Rua da Lampadosa, a diretoria do Gabinete inseriu a cerimônia do lançamento da pedra fundamental do novo edifício no conjunto das celebrações do tricentenário da morte de Luís de Camões e, exatamente no dia 10 de junho de 1880, o Imperador D. Pedro II presidiu a essa solenidade, decretando também a mudança do nome da rua para o atual: rua Luís de Camões. O projeto do edifício é do arquiteto português Rafael da Silva e Castro, e sua inauguração ocorreu em 1887.

Na imagem, fachada da sede do Gabinete Português de Leitura, final do século XIX. Arquivo Nacional. Coleção Fotografias Avulsas.

A arquitetura do prédio é no estilo neomanuelino, inspirado na náutica da era dos descobrimentos, onde a representação da corda é constante. A fachada ostenta as esculturas de Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, Infante D. Henrique e Luís de Camões e ainda quatro medalhões, que representam os escritores portugueses Fernão Lopes, Gil Vicente, Alexandre Herculano e Almeida Garrett.

Reprodução Real Gabinete Português de Leitura

O acervo inicial, composto por aquisições e doações dos próprios fundadores, logo incorporou publicações em várias línguas e em várias áreas do conhecimento, que vão do século XVI à atualidade. Merecem destaque obras raras e valiosas, como um exemplar da primeira edição de Os Lusíadas, de Camões (1572) e os manuscritos autógrafos do Dicionário da Língua Tupy, de Gonçalves Dias e da novela Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco.

Reprodução Real Gabinete Português de Leitura

Ao longo do século XX, o Real Gabinete Português de Leitura consolidou-se como um importante centro de pesquisa e preservação da memória literária e histórica de Portugal e do Brasil. O prédio passou por modernização apenas indispensável, preservando sua rica decoração e arquitetura original.

Reprodução Real Gabinete Português de Leitura

Em 1900, o Gabinete Português de Leitura tornou-se uma biblioteca pública, acessível a qualquer pessoa. Em 1906, o então rei de Portugal, D. Carlos, concedeu-lhe o título de “Real”. Em 1935, tornou-se “depósito legal” de todas as publicações portuguesas. Em 1970, o edifício e todo o seu acervo foram tombados pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Estado. Em 1976, a instituição foi reconhecida como “Entidade Filantrópica de Fins Culturais”. Tudo isso reforça seu papel como guardiã de um acervo que hoje reúne 350 mil volumes, entre livros, manuscritos e periódicos, com catálogo online (www.realgabinete.com.br).

Real Gabinete Português de Leitura, na rua Luís de Camões. À direita os fundos da Escola Politécnica, atual IFCS UFRJ. Marc Ferrez, 1887. Acervo IMS.

O Real Gabinete Português de Leitura continua sendo um ponto inigualável para estudiosos e amantes da cultura, recebendo diariamente cerca de 1 mil visitantes, seja para explorar suas vastas coleções, seja para simplesmente admirar sua beleza única.

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