Autonomia da arte nas ruas do Rio

Para que uma cidade possa dizer que possui uma produção de arte, são necessários diferentes tipos de espaços para que ocorra a prática e a circulação de artistas e de seus trabalhos. Para além dos muros oficiais da Escola Nacional de Belas Artes, uma série de iniciativas iria fazer das décadas de 1910 e 1920 um período decisivo nessa expansão das artes visuais no Rio. O crescente número de participantes desse campo em áreas diversas – pintura, escultura, desenho, gravura, arte gráfica, crítica e ensino – fez com que novos espaços fossem criados para absorver essa diversidade. 

Uma dessas iniciativas de popularização das artes visuais cariocas foi criada em 1916 por Levino Fânzeres. Pintor já com certa fama em seu tempo (venceu o prêmio de viagem ao exterior na Exposição Geral de Belas Artes de 1912), ex-estudante do Liceu de Artes e Ofício e da Escola Nacional de Belas Artes, ele criou uma escola livre de pintura. Batizada de Colmeia de Pintores do Brasil, seu folheto de divulgação a definia como “um agrupamento de artistas para estimular, difundir e plasmar aspectos e perspectivas do Brasil através do desenho, da pintura e artes afins”. 

Levino Fânzeres, “Marinha”

Inspirada tanto nas experiências do Grupo Grimm em Niterói quanto nas suas aulas na Academie Julian de Paris, a Colmeia funcionou em espaços abertos como a Quinta da Boa Vista, com sua sede próxima, na rua Guruzu, São Januário. O professor e seu grupo também ocupavam com as aulas ao ar livre outros espaços da cidade como o Passeio Público e a Floresta da Tijuca. Sua duração longeva (mais de setenta anos) fez com que uma centena de artistas passassem pelos seus cursos, alguns com grande destaque como Ivan Serpa, Garcia Bento, Ismael Nery, Almir Mavigner e Arpad Szenes. 

“Namorados”, 1927 – óleo sobre tela de Ismael Nery, um dos alunos da Colmeia de Pintores do Brasil. Wikimedia Commons

Em 1919, outra iniciativa independente acontece na cidade. Raul Pederneiras, desenhista e caricaturista, e Rodolfo Chambel sugerem ao grupo de artistas que organizava o Centro Artístico Juventus desde 1910 a mudança de nome para Sociedade Brasileira de Belas Artes. Existindo até hoje, seu início abarcou tanto o ensino de práticas artísticas quanto os debates públicos sobre a formação de um mercado de arte no país. Passando inicialmente pelas dependências do Liceu de Artes e Ofício, se instala também na rua Uruguaiana, depois na rua México e, por fim, na rua do Lavradio, na Lapa. Sua missão de manter o ensino das técnicas ligadas ao aspecto acadêmico das belas artes em plena era de modernismos e vanguardas não impediu que ela tivesse um papel ativo no seu tempo áureo. 

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