Os grandes eventos de Marechal Hermes

Autores: Isabella Aparecida Chaves Pereira, João Vitor Costa Lourenço, Joyce Corrêa Machado e Yasmin Stelzer Toledo.

Marechal Hermes foi um bairro fundado no dia 1 de maio de 1913, por Marechal Hermes da Fonseca, o presidente da República da época. Desde então, muitos eventos já aconteceram no bairro, e nosso trabalho trará memórias sobre eles – como o carnaval da época, os desfiles das escolas, shows dos moradores e muito mais.

Carnaval:

Os carnavais de Marechal atraíam foliões do Rio de Janeiro todo, que vinham para ver os desfiles dos blocos e, principalmente, os bate-bolas. Alguns desfiles eram de agremiações como União de Marechal, Estamos aí, Dona Beleza, Cobra Fumando, Cabeça Ruída, Revelação de Marechal e muitos outros.

No Marã Tênis Clube, na rua Professor Carlos Chagas, um concurso entre os grupos carnavalescos decidia quem tinha a melhor fantasia, qual grupo era mais animado e de quem era a melhor música autoral. Nosso grupo conversou com um morador de Marechal, sobre esses eventos.

E não foi qualquer morador, foi o Marcos Veiga, presidente da Associação Cultural Encontros Musicais (Clube da Esquina de Marechal) e produtor executivo da banda Certas Canções. Ele nos disse que “alguns grupos se fantasiavam de médicos e chegavam nos bailes de ambulância; outros, de prisioneiros e chegavam no camburão. Era uma verdadeira festa, digna dos melhores desfiles e imaginação”.

Sobre as músicas autorais, Marcos disse:  “as músicas de autoria dos grupos eram sucessos. Ainda tenho na memória uma das vencedoras, cujos autores são os irmãos Beto & Jairo. Ainda hoje são cantadas em reuniões dos amigos da época, vai aí um trecho da letra: Ajacu é um pássaro normal, Ajacu no Pau veio brincar o Carnaval, Ajacu, Ajacu”.

O evento lotava as ruas e contava, ainda, com a famosa Banda de Marechal – também chamada de “A Furiosa” -, que desfilava à tarde, nas matinês. As músicas mais tocadas eram as marchinhas e sambas enredo.

Bate-bolas: 

Os bate-bolas eram um dos principais eventos do carnaval em Marechal Hermes, e toda vez que tinha saída, as ruas ficavam lotadas. As pessoas gostavam de ver as turmas de homens mascarados, com fantasias tão lindas quanto assustadoras, com volumosos macacões, luvas, meias e casacas com algum tipo de desenho. A saída deles era marcada por uma grande queima de fogos (às vezes com um pouco de tiro também), com equipes de som e uma grande festa. Depois, eles andavam pelas ruas batendo suas bolas no chão, dando sentido ao nome. Alguns desses bate-bolas são os Amizade, Agonia, Magnata e Zorra Total. Porém, havia alguns grupos que achavam as bolas muito barulhentas e agressivas, e acabaram substituindo-as por sombrinhas. 

Em Marechal, os bate-bolas sempre foram referência, e Marcos Veiga falou mais sobre esse assunto: “Grupos de bate-bolas, fantasia considerada uma das mais tradicionais aqui do bairro, tinham a rua Aurélio Valporto como, praticamente, sua sede, onde eram comercializadas as fantasias. Era muito bonito de se ver, eram grupos enormes.  Os grupos das Velhas e dos Gorilas de Osvaldo Cruz, podem ser considerados os maiores da minha época, que ainda estão em atividades”.

Shows:

Antigamente, o palco para shows do bairro era o teatro Armando Gonzaga, onde já se apresentaram diversos artistas, tais como Zé Ramalho, Nana Caymmi, Cláudio Nucci, Ivan Lins, Célia Vaz, Carlos Lyra e até atores e atrizes, como Fernanda Montenegro, Costinha e Fernanda Torres.

Marcos Veiga e seus amigos fundaram a Associação Cultural Encontros Musicais – o Clube de Esquina de Marechal – que resgatou a data de aniversário do bairro, registrada no calendário oficial da Prefeitura. Outras conquistas da Associação foram a criação do projeto “Encontros Musicais” no Teatro Armando Gonzaga e o “Agosto do Samba”, que reuniu muitos artistas do mundo do samba e da MPB. A cada semana, o músico Sergio Procópio convidava os artistas para se apresentarem no teatro. Entre eles estavam Monarco, Zé Cruz, Marquinhos PQD, Wilson Moreira, Nelson Sargento, Marquinhos de Osvaldo Cruz, Diana Pequeno, Rui Maurity, Carlos Dafé, Tunai e muito mais.

Com tanta alegria, os amigos decidiram dar início aos festivos de comemoração de fundação e gravaram o CD “Marechal Hermes – 90 anos de Encontros Musicais”,  convidando músicos, compositores e cantores do bairro. Resgataram músicas de vários estilos: sambas, choros e chorinhos, rock, blues e bossa Nova. Com isso, influências musicais de artistas como Luperce Miranda (considerado um dos maiores bandolinistas do mundo), Osmar do Cavaco (Velha Guarda da Portela), Cristóvão Bastos (maestro e pianista clássico e popular) foram recuperadas.

Desfiles de 7 de setembro:

Os desfiles escolares de 7 de setembro aconteciam na Vila Militar e contavam com a maioria das escolas públicas e particulares do bairro, como as Escolas Evangelina Duarte Batista, Santos Dumont, Carneiro Felipe, José Acioli, Colégio Marechal Hermes, Américo de Oliveira e Visconde de Mauá. Nosso entrevistado, Marcos Veiga, relata que eram usados os  uniformes tradicionais de cada escola e os porta-bandeiras usavam gala. As bandas eram da Visconde de Mauá e Américo de Oliveira.

Todas as imagens foram tiradas do acervo de Marcos Veiga, Presidente da Associação Cultural Encontros Musicais (Clube da Esquina de Marechal) e Produtor Executivo da banda Certas Canções.

Agradecemos à Marcos Veiga e André Luis Mansur pelo apoio ao trabalho.