O ano de 1964 estava apenas começando, mas os moradores da cidade do Rio de Janeiro já contabilizavam um considerável número de problemas. A falta de luz estava entre os principais – e não era pela primeira vez. Desde o ano anterior, a crise energética causava interrupções constantes no fornecimento de energia em toda a região do Rio e da Baixada Fluminense.  O racionamento passou a ser uma prática quase corriqueira para a população da Guanabara. As camadas populares foram as mais afetadas, considerando a prioridade de fornecimento de energia para os setores considerados essenciais – como o industrial e o hospitalar. E o fornecimento para as moradias era o primeiro serviço a sofrer restrições. 

Os moradores da capital eram informados sobre os horários em que ficariam sem energia pelos jornais. Geralmente, a interrupção do serviço ocorria no período noturno, mas podia variar de acordo com as condições de abastecimento de cada região. Não era raro acontecerem até mesmo 60 desligamentos por dia. 

As instabilidades elétricas eram comumente causadas pela ausência de chuvas, que afetava a captação e o fornecimento de água para represas, como a de Ribeirão de Lajes, e o funcionamento de hidrelétricas, como a de Fonte Nova, responsável pelo abastecimento de toda região. Essa foi exatamente a justificativa utilizada para um dos maiores racionamentos daquele ano, aplicado a partir do dia 30 de março, e que impactou toda a cidade do Rio de Janeiro.